Acílio Lara Resende

Acílio Lara Resende

Acílio Lara Resende é jornalista e escreve às quintas-feiras

OPINIÃO

Entre Madonna e o dilúvio em Porto Alegre

Nem o enorme sofrimento do Rio Grande do Sul tirou o brilho do espetáculo

Por Acílio Lara Resende
Publicado em 09 de maio de 2024 | 07:18
 
 
 
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Vivemos o último fim de semana entre o espetáculo proporcionado por Madonna no Rio de Janeiro, que reuniu 1,6 milhão de pessoas na noite do último domingo (a temperatura, durante o dia, alcançou 36°C à sombra), e o dilúvio que se abateu sobre o Rio Grande do Sul, principalmente sobre Porto Alegre, cuja população é de 1,3 milhão. 

Mas nada, nem mesmo o enorme sofrimento por que passam os gaúchos, conseguiu tirar o brilho do maior espetáculo proporcionado até agora – segundo os seus admiradores – pela Rainha do Pop, que encerrou em Copacabana sua turnê de 40 anos de carreira.

O show de Madonna em Copacabana repercutiu politicamente nas redes sociais: integrantes da esquerda viram na multidão de 1,6 milhão de pessoas uma oportunidade eleitoral, enquanto representantes da direita radical o consideraram apenas demoníaco.

No dilúvio sobre o Rio Grande do Sul, o papel de algoz, para alguns, ficou com o rio Guaíba, orgulho dos gaúchos, cuja orla fluvial tem 72 km de extensão. Só na capital vive em torno de 40% da população do Estado. Para os entendidos, porém, a causa está na soberba do ser humano, que acha que pode tudo em relação à natureza.

Até anteontem, segundo a Defesa Civil, 425 municípios foram invadidos pela chuva, mais de 67 mil pessoas estavam em abrigo, e quase 164 mil, desalojadas. Ao todo, 1,48 milhão de pessoas foram afetadas pelos temporais, que deixaram 130 desaparecidos, 374 feridos e 100 mortos.

O governador Eduardo Leite (PSDB) se referiu, em discurso, a um verdadeiro “Plano Marshall de Reconstrução” para o Rio Grande do Sul. Esse foi o nome dado ao plano de ajuda financeira dos Estados Unidos à Europa, após a Segunda Guerra Mundial: “A gente vai precisar de um plano de excepcionalidade em projetos e em recursos”.

O governador gaúcho fez o discurso durante reunião no Estado, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do presidente do Senado (e do Congresso Nacional), senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, e do vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, entre outras autoridades.

O presidente Lula falou em “destravar a burocracia” para garantir o socorro, referindo-se ao “plano de prevenção de acidente climático”. Arthur Lira prometeu conversar com os líderes para que se possa encontrar uma resposta “dura, firme e efetiva”, como aconteceu na pandemia. Já o senador mineiro foi mais objetivo ao afirmar que, “em situação de guerra”, inexistem “limitações ou restrições legais de tempos comuns”. Que todos cumpram, de verdade, a palavra.

Por falar em tragédia, embora a vida não seja feita só de tragédias, a guerra em Gaza está assim: logo após o Hamas aceitar a interrupção dos combates, Israel intensificou anteontem os bombardeios contra alvos em Rafah, na Faixa de Gaza. É inexplicável o ser humano!

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