Feliz dia do “pergunta para sua mãe”, do “não é mamãe, não é mamãe”, do “na minha época não era assim”, do “pode deixar que eu resolvo”, do “manual pra quê?”, do “GPS é para os fracos”, do “quando eu tinha a sua idade”, do “nem mais um pio”, do “por que fui ensinar a falar”.
Na minha casa temos uma anedota familiar que a minha mãe conta desde que eu me entendo por gente. Um dia, quando eu tinha quase um ano de idade, minha mãe resolveu fazer uma aula de ginástica e me deixou à cargo do meu pai. Era só uma hora, o que poderia acontecer? Quando ela voltou, ele estava dormindo na cama e eu estava no corredor com todas as roupas de todas as gavetas do guarda-roupa que consegui alcançar ao meu redor. Minha mãe não sabia se ria, chorava ou matava meu pai. Mas pelo menos eu estava viva, saudável e testando minhas habilidades motoras, segundo ele.
Diferenças
Muito se compara o papel do pai e da mãe. É só vermos as diferentes comemorações dos seus dias. Porém não devem ser desmerecidos. É um duro trabalho se educar uma criança e eles fazem parte de nossas formações. Sejam eles presentes ou não, moldam nossos caracteres. Basta perguntar para algum terapeuta de plantão.
Pais não vem prontos, como diz uma música do rapper belga Stromae, “todos sabem como fazer bebês, mas não como serem pais”. É algo que vai sendo construído dia a dia, com cada carinho, cada bronca, cada ensinamento e cada brincadeira. Eles possuem uma capacidade única para nos incentivar e ao mesmo tempo nos deixarem doidos, pois nada eleva mais a pressão sanguínea do que ter que ajudar um pai a mexer com novas tecnologias ou explicar que os tempos mudaram. Sim pai, na década de 70/80, isso era assim, mas em 2024, não. É, eu sei, mudaram para pior, na sua época era melhor…
Aprendizado a dois
Ser pai é complicado… Existe aquele antigo ditado que a mãe sempre sabe que o filho é dela, mas o pai tem que confiar na mãe. Eles não criam um vínculo ao longo dos nove meses de gestação, ele vem de supetão, quando veem a criança pela primeira vez, a seguram nos braços, pegam na mãozinha. Não estão fisicamente diferentes, mas, agora, tudo mudou.
Será um aprendizado a dois que durará uma vida inteira – para aqueles que tem sorte. Pois, só quem não os tem mais neste plano sabem a falta que eles fazem. De não ter mais aquele abraço carinhoso, aquelas conversas malucas, aquele olhar compreensivo e atento, aquela presença que nos traz confiança, até aquelas críticas que acertam em cheio!
Pais são similares e únicos ao mesmo tempo. Existem pais que ficam em casa com as crianças, pais de fim de semana, pais que moram longe, padrastos ou pães (aqueles que são pai e mãe). Mas assim como mãe é mãe, pai é pai. É um vinculo metafísico, não existe ex-pai. Não importa o quão brega, chato, irritante, brilhante ou comediante.
Aproveitar cada momento
Não adianta fingir que não os conhecemos quando eles estão sendo difíceis, isso só piora a situação. Nada como um pai determinado para causar vergonha e irritação em um adolescente – ou uma adulta no meu caso. Aquelas piadas tão – mas tão – engraçadas que até esquecemos de rir, roupas que nem Jesus na causa resolve e hábitos muitas vezes questionáveis ou extremamente esquisitos que sentem orgulho em passar para os filhos – aprendi a comer goiaba com sal por causa disso.
Porém, independentemente dessas falhas de projeto, nos amam com muito carinho e querem o nosso melhor. Por isso, não se esqueçam de aproveitar cada momento com seus pais e fica aqui a minha homenagem a todos os pais, em especial o meu, que me leva à loucura, mas não trocaria por nada nesse mundo!
(*) Bárbara Molinari é escritora com formação em relações internacionais e linguística