Dr. Davidson Lütkenhaus é diretor global de inovação e sustentabilidade na Diageo

A Inteligência Artificial (IA) surge como uma ferramenta poderosa para enfrentar os desafios globais da sustentabilidade, mas também traz riscos que exigem atenção imediata.

Em um mundo marcado por mudanças climáticas, escassez de recursos e desigualdades, a IA pode ser a chave para impulsionar a eficiência e a inovação. No entanto, seu uso crescente levanta questões críticas, como o alto consumo energético e a disseminação de desinformação. Como, então, equilibrar os benefícios e os riscos?

IA como aceleradora da sustentabilidade

A IA já está transformando setores estratégicos. Estudos do Fórum Econômico Mundial indicam que a tecnologia pode reduzir emissões de carbono em até 4% até 2030. Empresas como o Google utilizam algoritmos para otimizar o consumo energético, reduzindo o uso de energia em data centers em 40%.

No agronegócio, a IA permite um uso mais eficiente de água e insumos, aumentando a produção global de alimentos em 70% sem expandir áreas cultivadas. Além disso, a economia circular se beneficia de plataformas que rastreiam materiais, facilitando a reciclagem e o reúso. No transporte, a IA melhora o fluxo de tráfego, reduzindo emissões e congestionamentos.

Os desafios da IA verde

Apesar dos avanços, o consumo energético da IA é um desafio significativo. Data centers nos EUA já consomem 15 gigawatts anuais, equivalente à produção total de energia solar do país. A Agência Internacional de Energia prevê que o consumo global de eletricidade por data centers pode dobrar até 2026, atingindo níveis comparáveis aos do consumo atual do Japão.

Para mitigar esse impacto, é crucial investir em fontes renováveis e aprimorar a eficiência energética. Além disso, a disseminação de desinformação por meio de algoritmos de IA, como deepfakes e conteúdos enganosos, representa um risco crescente, exigindo regulamentações claras e diretrizes éticas.

Existem alguns caminhos para um futuro sustentável com inteligência artificial. Para que a IA seja uma aliada da sustentabilidade, é essencial atuar em três frentes:

Eficiência energética: adotar fontes renováveis e metas como a da Microsoft de operar com 100% de energia limpa até 2030.

Colaboração e regulação: estabelecer parcerias intersetoriais e políticas que garantam o uso ético e responsável da tecnologia. 
Capacitação: treinar profissionais para aplicar IA em soluções que impulsionem negócios sustentáveis.

A IA tem o potencial de transformar a sustentabilidade e a inovação, mas seu impacto dependerá de como a utilizamos.

Líderes empresariais devem agir de forma intencional, equilibrando progresso tecnológico e responsabilidade ambiental.

O futuro sustentável será moldado não apenas pela tecnologia, mas pela visão estratégica de quem a lidera. O desafio está lançado: prontos para unir inovação e sustentabilidade para construir um legado positivo para as próximas gerações?