Leônidas de Oliveira é secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais

Há cidades que se revelam em monumentos e cartões-postais. Outras, em seus ritmos e modos de vida. Belo Horizonte, no entanto, é um território que se descobre na experiência. Para além de sua geografia de montanhas, é no encontro entre tradição e modernidade que a capital se afirma como um destino vivo, onde a cultura, a gastronomia e o patrimônio não são apenas paisagens, mas caminhos para o pertencimento.

O tempo em Belo Horizonte se apresenta de formas diversas. Há a história silenciosa da Pampulha, cujas curvas modernistas desenhadas por Niemeyer, coloridas por Portinari e envoltas pela natureza de Burle Marx, transformam o espaço em um palco de contemplação e movimento. 

Patrimônio da Humanidade reconhecido pela Unesco, a Pampulha não é apenas um conjunto arquitetônico, mas um lugar de vivências. Caminhar às margens da lagoa, pedalar entre os marcos do modernismo, sentir a vibração dos eventos culturais e gastronômicos que tomam seus espaços – a Pampulha não é um museu do passado, mas um organismo vivo que se renova a cada visita.

E há o tempo que se saboreia. O reconhecimento de Belo Horizonte como Cidade Criativa da Gastronomia pela Unesco não é um acaso, mas uma confirmação de que sua cozinha é a síntese de Minas. Aqui, os sabores chegam de todas as regiões do Estado, reunidos em botecos, mercados e restaurantes que não apenas servem comida, mas contam histórias.

O Mercado Central é uma viagem sensorial, onde o aroma do café recém-moído se mistura ao das especiarias e dos queijos artesanais, enquanto o Mercado Novo ressignifica o antigo e apresenta o novo. A cozinha de Belo Horizonte é hospitalidade e encontro, um território afetivo onde cada prato carrega um pedaço do estado.

No centro da cidade, o Circuito Liberdade se impõe não como um conjunto de museus, mas como um território pulsante, onde a arte e o patrimônio dialogam com a cidade. O Palácio da Liberdade, que um dia foi espaço exclusivo do poder, hoje é uma extensão da rua, um ponto de convergência entre o passado e o presente, onde a cultura se manifesta em exposições, espetáculos e encontros. E é nesse território que a cidade se reinventa também no Carnaval da Liberdade, um fenômeno que resgata o espírito das festas de rua, transforma o espaço urbano e mostra que a mineiridade é plural, criativa e irreverente.

A Via das Artes, que integra o Carnaval de BH, reforça essa síntese de Minas ao levar literatura, poesia e música para a experiência do festejo. O que poderia ser apenas um momento de folia se torna também um espaço de fruição artística, onde a tradição e a contemporaneidade se encontram. A Alvorada Poética, homenagem a Adélia Prado, é um desses rituais que transformam a cidade em um palco de cultura e memória, reafirmando BH como um lugar onde o tempo não é apenas vivido, mas celebrado.

Belo Horizonte não é um destino que se percorre apressadamente, mas um território de experiências, onde a cada esquina se revela um fragmento da mineiridade. Para aqueles que buscam mais do que paisagens, mas vivências que se transformam em memória, BH se firma como um convite permanente a experimentar, sentir e, acima de tudo, pertencer