O índice de desemprego no segundo trimestre deste ano (5,85%) foi o menor da série histórica da Pnad Contínua do IBGE, desde 2012. Em números absolutos, são 1,3 milhão de brasileiros sem emprego. Dos 27 estados, 18 apresentaram retração no índice, e nove ficaram estáveis. Em Minas Gerais, uma das unidades da Federação que apresentaram mínimas históricas, a taxa foi ainda menor que a média: 4%.

Esses dados representam uma queda de 1,2 ponto percentual (p.p.) em relação ao trimestre anterior e de 1,1 p.p. em relação ao mesmo período do ano passado. Entre os setores com maior participação nesse resultado estão o comércio, oficinas mecânicas e administração pública. Mas o sinal de alerta toca em três setores essenciais para a economia brasileira: agricultura, construção e indústria, que registraram quedas de participação (4,1 p.p., 1,9 p.p. e 1,3 p.p).

E, é bom ressaltar, esses resultados foram apurados antes da entrada em vigor do tarifaço de 50% aplicado pelos Estados Unidos sobre os produtos exportados pelo Brasil. Um levantamento da Fiemg aponta que a sobretaxa norte-americana ameaça cortar 146 mil empregos formais e informais nos próximos dois anos. Essas demissões significariam uma redução de R$ 2,74 bilhões da renda familiar.

Um baque que encontra o setor produtivo nacional em profunda incerteza. O índice de confiança da indústria, medido pela Fundação Getulio Vargas, completou o quinto mês de queda em julho passado; a confiança do comércio voltou a cair em junho; e a da construção chegou ao menor nível desde junho de 2021.

Isso não significa que devemos deixar de comemorar a queda do desemprego. Significa que é imperioso manter o foco em – e ampliar – políticas públicas de incentivo à produção. Buscar a diversificação no mercado externo e linhas de crédito com juros não abusivos. E, principalmente, criar um ambiente propício ao desenvolvimento nacional, sem entraves burocráticos e sobrecargas tributárias. Só assim poderemos transformar a boa notícia de hoje em uma realidade permanente do país.