Ana Paula Leão é deputada federal (*)
Minas Gerais ocupa uma posição estratégica no cenário nacional da mineração e do agronegócio – setores vitais para garantir a segurança alimentar do país. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) mostram que, no primeiro trimestre de 2025, o setor mineral brasileiro faturou R$ 73,8 bilhões, um crescimento de 8,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Um destaque importante é a mineração de minerais usados na produção de fertilizantes, insumos indispensáveis para a agricultura.
Além de ser líder nacional em produção agrícola, Minas Gerais possui reservas significativas de minerais críticos, como fosfato e potássio, que são a base dos fertilizantes essenciais para a produtividade das lavouras. Ainda assim, o Brasil importa mais de 95% do potássio consumido, o que deixa o país vulnerável a oscilações do mercado internacional.
Transição energética
Esses minerais críticos são também fundamentais para a transição energética global, presentes na produção de baterias, painéis solares e outras tecnologias verdes. Para garantir o abastecimento, tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei 2.780/2024, idealizado pela Frente Parlamentar da Mineração Sustentável (FPMin). A proposta cria a Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, fomentando pesquisa, produção e industrialização desses minerais e fortalecendo a economia e a soberania do Brasil.
A pandemia evidenciou a fragilidade das cadeias globais de suprimento. Países como Estados Unidos e China já reestruturam suas cadeias minerais para garantir maior autonomia. O Brasil, especialmente Minas Gerais, com seu potencial mineral, não pode ficar para trás.
Exportação mineral
Hoje, o Brasil exporta 400 milhões de toneladas de minérios por ano, importando apenas 10% desse volume. Porém, a maior parte das exportações ainda é concentrada no minério de ferro, com destino quase exclusivo à China (cerca de 68%). Isso representa uma vulnerabilidade econômica, mas também uma oportunidade para diversificar a pauta mineral, incluindo fertilizantes e minerais críticos no planejamento industrial.
Com investimentos estimados em US$ 68 bilhões entre 2025 e 2029, é urgente direcionar parte significativa desses recursos para fortalecer a cadeia de fertilizantes, começando pela mineração. Minas Gerais tem todas as condições para liderar essa transformação, aproveitando sua base geológica e capacidade técnica e logística.
Passaporte para o futuro
Para tanto, é fundamental uma política mineral robusta, que garanta segurança jurídica, rastreabilidade das cadeias produtivas e compromisso socioambiental. Não se trata de flexibilizar controles ambientais, mas de garantir licenciamento ágil e responsável que destrave investimentos sem retrocessos.
O Brasil tem nas mãos um passaporte para o futuro. Minas Gerais, com sua tradição mineradora e força no agro, é a locomotiva dessa nova era. Fertilizante é comida. Mineração, aqui, não é apenas riqueza do subsolo – é segurança alimentar, soberania e vida.
(*) Coordenadora da Comissão de Mineração do Basalto como Fertilizante na Frente Parlamentar da Mineração Sustentável (FPMin)