Ronaldo Scucato é presidente do Sistema Ocemg

Cuidar do meio ambiente é responsabilidade de todos nós. Cada cidadão, governante, político, empresa, cooperativa ou organização do terceiro setor tem seu papel na construção de um futuro sustentável. Essa não é uma tarefa delegável. É uma urgência coletiva. No mês em que celebramos o Dia Mundial do Meio Ambiente precisamos refletir com seriedade sobre qual tem sido a nossa contribuição rumo a esse objetivo comum.

 
Os desafios atuais exigem que ampliemos o debate. É preciso ser direto: os governos não conseguirão, sozinhos, salvar o planeta. Quem afirma isso é a própria Organização das Nações Unidas (ONU). Sem o envolvimento do setor privado, não há como alcançar as metas de sustentabilidade. Não se trata de escolher entre produzir e preservar. A pergunta hoje é: como continuar produzindo sem prejudicar as próximas gerações?

Nesse cenário, o cooperativismo brasileiro se coloca não apenas como aliado, mas como protagonista na transição para uma economia mais verde, justa e inclusiva. Somos um modelo de negócios que nasceu do coletivo e, portanto, prioriza essa vertente. Nós nos organizamos a partir da lógica do desenvolvimento local, da gestão democrática, da preocupação genuína com as pessoas e com o meio ambiente. Sustentabilidade, para nós, não é estratégia de marketing – é essência.

Em Minas Gerais, o cooperativismo tem demonstrado, na prática, como é possível gerar impacto positivo no meio ambiente e, ao mesmo tempo, beneficiar comunidades inteiras. Um bom exemplo é a iniciativa de geração compartilhada de energia limpa, o programa Minas Coop Energia, que já impactou mais de 4 milhões de pessoas. São 117 usinas em funcionamento, 44 cooperativas participantes e 65 instituições beneficiadas com energia limpa e renovável. E mais do que isso: representa inclusão social e renda – R$ 195,1 mil gerados diretamente para famílias mineiras. Essa é a força de um modelo que une inclusão, inovação e preservação.

Além disso, muitas cooperativas têm adotado ações consistentes de compensação de carbono, neutralizando emissões em suas sedes, eventos e operações. Um exemplo que procuramos trazer de casa. Desde 2023, o Sistema Ocemg vem medindo as emissões de carbono e realizando a neutralização de seus eventos. Em 2024, fizemos nosso primeiro inventário de carbono, incluindo a sede e o centro de treinamento do cooperativismo mineiro, em Belo Horizonte. Nossa frota passou a utilizar etanol, um combustível renovável, e as nossas boas práticas nos renderam o reconhecimento da Prefeitura de Belo Horizonte, com a concessão do Selo BH Sustentável. 

Esse espírito de compromisso coletivo se reflete também no posicionamento do cooperativismo brasileiro para a COP30. No manifesto lançado recentemente pelo Sistema OCB, defendemos uma agenda climática que reconheça o verde como valor social e econômico, que coloque as comunidades no centro das decisões e que promova a tropicalização das métricas de sustentabilidade – adaptando as exigências globais à realidade dos países em desenvolvimento. Propomos medidas para impulsionar a agricultura de baixo carbono, facilitar o acesso a financiamento climático, fortalecer a bioeconomia, investir em transição energética e preparar territórios e populações para os riscos ambientais. Nossas propostas se estruturam em cinco eixos: segurança alimentar e agricultura de baixo carbono; acesso ao financiamento climático; transição energética; bioeconomia; e adaptação aos riscos climáticos.

Temos urgência. Mas também temos soluções. O cooperativismo prova, todos os dias, que é possível crescer sem destruir, inovar sem excluir, produzir sem esgotar. Neste mês comemorativo do Dia Mundial do Meio Ambiente, deixo uma convocação: o futuro não será sustentável sem ação conjunta, sem responsabilidade compartilhada e, sobretudo, sem o engajamento verdadeiro do setor privado.

O cooperativismo já está fazendo sua parte – e vai continuar mostrando que outro modelo de desenvolvimento não só é possível, como já está em curso.