Marcio Fabbris é CEO da Nio

A nova era da internet fixa está mudando de endereço. Agora, a parada final é a experiência dentro de casa. Se antes o debate girava em torno da velocidade contratada ou do tipo de cabo que chegava à porta, agora o verdadeiro valor está no desempenho do Wi-Fi nos cômodos, na estabilidade da conexão e na fluidez da experiência digital. Tecnologias como Wi-Fi 6, redes mesh e suporte baseado em inteligência artificial anunciam uma transformação silenciosa, mas decisiva: a internet do futuro não será medida em megas, mas sim em eficiência, personalização e confiabilidade.

A internet fixa no Brasil já soma quase três décadas de história, mas foi apenas nos últimos 10 anos que viveu seu maior salto qualitativo: a chegada da fibra óptica. Essa onda substituiu o cobre e suas limitações por uma tecnologia capaz de proporcionar umuma navegação mais robusta, adequada ao streaming, às reuniões online, aos jogos em tempo real e ao uso simultâneo de diversos dispositivos. Com a redução dos custos da fibra e dos equipamentos, o setor assistiu ao surgimento de mais de 10 mil provedores regionais. Mas o ciclo de expansão acelerada deu lugar a uma nova etapa: mais madura, mais exigente e centrada na entrega.

Nova onda da internet fixa

Entramos agora em uma nova onda da internet fixa. Desta vez, o avanço não está no cabo, mas no que acontece depois dele. Não basta mais ter fibra até o modem: é essencial garantir que o sinal funcione bem em todos os ambientes da casa, sem zonas mortas, travamentos ou quedas constantes. É aí que tecnologias como Wi-Fi 6, mesh e redes de fibra de qualidade se tornam protagonistas. Elas ampliam o alcance, reduzem a latência e suportam dezenas de conexões simultâneas – acompanhando os novos hábitos digitais com mais inteligência. Mais importante ainda: essa nova fase exige suporte preditivo, capaz de antecipar e resolver problemas antes que o cliente perceba. Soluções baseadas em inteligência artificial e machine learning tornam possível oferecer uma jornada conectada mais fluida.

Hoje, boa parte das insatisfações relatadas pelos usuários não têm relação com a rede externa, mas com a performance do Wi-Fi: o sinal não chega ao quarto, o vídeo trava, a chamada falha mesmo com internet contratada. Isso abre espaço para um novo papel no setor: o de concierge digital. A operadora que se comprometer a cuidar da casa conectada como um ecossistema – otimizando o sinal, adaptando o serviço às rotinas e antecipando falhas – estará em posição de vantagem. Trata-se de oferecer uma experiência completa, com soluções que se integram ao cotidiano do usuário de forma invisível, confiável e personalizada. Um verdadeiro “personal Wi-Fier”.

Retenção baseada na confiança

A demanda por redes resilientes, inteligentes e adaptáveis não para de crescer. Isso inclui casas inteligentes, realidade virtual, trabalho remoto, games na nuvem e muito mais. Mas atender a esse novo padrão exigirá mais do que bons roteadores. Será necessário investir em tecnologia de ponta, inteligência de dados e modelos de relacionamento digital mais eficientes e transparentes. Poucos estarão prontos para esse desafio – e é justamente aí que está a oportunidade.

O crescimento do setor virá menos da ativação de novos clientes e mais da migração e retenção baseada em confiança. A disputa será vencida por quem conseguir entregar uma conexão estável, suporte ágil e soluções sob medida para o dia a dia digital das pessoas. Quem está preparado para liderar essa transformação? O futuro da internet fixa será definido não por quem promete mais megas, mas por quem garante conexões que funcionam. A experiência deixou de ser um detalhe e passou a ser o centro da relação com o cliente. E quem entender isso primeiro, sairá na frente.