Cledorvino Belini é presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas)
No início deste mês, entrou oficialmente em vigor a nova taxação imposta pelos Estados Unidos a uma série de produtos brasileiros, com tarifas que chegam a 50% sobre itens estratégicos da nossa pauta exportadora. Trata-se de uma medida de grande impacto, não apenas para as empresas diretamente afetadas, mas para toda a cadeia econômica que sustenta a produção, o emprego e a competitividade nacional.
Para Minas Gerais, Estado que figura entre os principais exportadores do Brasil, a nova barreira comercial representa uma ameaça concreta à indústria de base, à metalurgia, ao setor de transformação e à produção de bens de alto valor agregado. A sobretaxa reduz a competitividade dos nossos produtos, encarece sua chegada ao mercado norte-americano e abre espaço para que concorrentes de outros países ocupem um espaço que construímos ao longo de décadas.
Impactos negativos
Não é apenas o volume exportado que está em risco. Os efeitos colaterais dessa decisão incluem a retração de investimentos, o adiamento de projetos de expansão e, inevitavelmente, a pressão sobre postos de trabalho qualificados. Em um momento em que buscamos retomar o crescimento econômico sustentado, medidas unilaterais como essa enfraquecem o espírito de cooperação internacional e geram instabilidade para os negócios.
Diante desse cenário, é imprescindível que o Brasil atue com firmeza e estratégia. Nossa resposta não pode ser a retaliação tarifária ou provocações que tendem a agravar o clima negocial e prejudicar ainda mais outros setores estratégicos, bem como afugentar a atração de investimentos que o país tanto precisa. O caminho agora é termos competência, inteligência e humildade na diplomacia econômica, seja na negociação bilateral com os EUA, como na diversificação de mercados, garantindo que não dependamos excessivamente de um único destino para nossas exportações.
Incentivo ao setor produtivo
Em paralelo, é hora de reforçar políticas de incentivo à inovação, à agregação de valor e à competitividade interna. Precisamos investir em tecnologia, infraestrutura e acordos comerciais que ampliem a presença do Brasil e de Minas Gerais no cenário internacional, reduzindo nossa vulnerabilidade a movimentos protecionistas.
A ACMinas reitera seu compromisso de defender o interesse do setor produtivo, buscando diálogo constante com as autoridades brasileiras e estrangeiras para preservar a nossa inserção competitiva nos mercados globais. Minas Gerais e o Brasil têm muito a oferecer ao mundo – e é fundamental que o comércio internacional seja pautado por princípios de cooperação, previsibilidade e respeito mútuo.