O ex-embaixador Rubens Ricupero, um dos maiores nomes da diplomacia brasileira, no último domingo (2), em entrevista ao programa “Canal Livre”, da TV Bandeirantes, falou de tudo, inclusive, criticamente, contra o atual governo Lula.
Rubens Ricupero é advogado, professor, diplomata, escritor e dono de um belíssimo currículo. Foi representante permanente do Brasil junto aos órgãos da ONU, sediados em Genebra, embaixador em Washington, assessor internacional de Tancredo Neves, assessor especial de José Sarney, ministro do Meio Ambiente e da Fazenda, no governo Itamar Franco, durante a concepção e o lançamento do Plano Real. Diplomata durante mais de 40 anos, seu livro de memórias, “Rubens Ricupero/Memórias”, já está nas livrarias.
Gentil e educado, o ex-embaixador chegou a afirmar que o futuro dos Estados Unidos se mostra hoje mais danoso do que o nosso futuro. Essa afirmativa dói, como um soco no estômago, em alguns dos nossos “patriotas”. E ofende os admiradores de Donald Trump entre os brasileiros dotados do – sobretudo, como dizia Nelson Rodrigues, na década de 1950 – “complexo de vira-lata”; e entre os milhões de republicanos que darão apoio à sua candidatura a presidente dos Estados Unidos. Eleito, terá um lugar de destaque: será o primeiro ex-presidente na história dos Estados Unidos condenado por um crime.
Os 12 membros do júri o consideraram culpado pelas 34 alegações relativas ao episódio. Sua condenação se deu por fraude contábil ocorrida quando tentou comprar o silêncio de uma atriz pornô, na eleição presidencial de 2016, da qual saiu vitorioso. Condenado, Trump disse que foi vítima de “um julgamento manipulado por um juiz corrupto”.
Deixemos de lado Donald Trump e nos fixemos nas eleições de duas mulheres: a da ministra do STF, Cármen Lúcia, para a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e a de Claudia Sheinbaum, para a Presidência do México. Esta foi, no seu país, a primeira mulher a alcançar tal feito. Sua eleição, com 60% dos votos e 30 pontos de vantagem sobre a segunda colocada (Xóchitl Gálvez), se deveu ao presidente López Obrador.
A presidente eleita conseguirá, com certeza e facilidade, maioria na Câmara, como diziam antes todas as pesquisas.
É a segunda vez que a ministra Cármen Lúcia ocupa a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um grande feito, sem dúvida. Em política, nem tudo é permitido. Sonhar, porém, é. Seria a sopa no mel se, nas próximas eleições, em 2026, pudéssemos contar com uma mulher (a esperança é a última que morre...), entre as inúmeras e notáveis mulheres brasileiras, como candidata a presidente.
Que ela se faça ouvir, mas que, sobretudo, esteja disposta a combater essa execrável divisão entre dois extremos políticos. Uma divisão que só alimenta o ódio, com sérios prejuízos para o regime democrático – o único capaz de nos levar a um futuro “menos danoso”. E que enfrente, com coragem, a injusta desigualdade social a qual vive o nosso país