Deixo as crises de ódio por que passa o mundo para me fixar, por ora, nas crises por que passa o terceiro governo do presidente Lula e que comprometem 2026. INSS – que envolveu “uma bancada considerável” do Congresso Nacional, segundo Lauro Jardim –, Pix, IOF, a disputa com a Câmara e o Senado e, agora, a dos Correios têm provocado incertezas e dissabores para quem sonha ser presidente da República pela quarta vez. O prazo para recuperação é bastante curto, e os aliados de 2022 vão buscando rapidamente caminhos diversos.

A crise financeira dos Correios é grave, mudou de patamar e enfrenta agora uma perda de R$ 1,7 bi (mais do que o dobro das perdas apuradas de janeiro a março de 2024). Há falta de insumos e, o que é pior, atraso de pagamentos. O desempenho da estatal no primeiro trimestre de 2025 é o pior desde 2017. É chefiada por Fabiano Silva dos Santos, que é ligado ao grupo “Prerrogativas” – um grupo constituído de advogados simpáticos ao presidente Lula.

Segundo funcionários, os Correios enfrentam, sobretudo, o desafio na forte concorrência no mercado de entregas. O mais grave é o que foi apontado pela área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU): a estatal usou de expedientes em desacordo com as normas técnicas. Relatório sigiloso ao qual a imprensa teve acesso aponta irregularidade ao efetuar a baixa de uma despesa de R$ 1,32 bilhão.

Preocupado com a reação contrária às mudanças no IOF, o presidente Lula, durante evento que elegeu o prefeito de Recife, João Campos, 31 anos, como presidente do PSB, enviou afagos ao presidente da Câmara, deputado Hugo Motta, bem como fez a defesa do ministro Alexandre de Moraes e do Supremo Tribunal Federal (STF). “Quero cumprimentar – disse Lula – o nosso querido deputado Hugo Motta”, a quem considera, segundo afirmou, “uma novidade na política brasileira”.

O deputado Hugo Motta não deixou por menos ao retribuir o afago do presidente: “O presidente Lula – disse Motta – é um exemplo para todos nós de resiliência, de coragem e de luta”. E concluiu: “É com diálogo que vamos continuar construindo um Brasil melhor”.
Na defesa que fez do ministro Alexandre de Moraes, o presidente Lula entrou de sola. Criticou, pela primeira vez, a interferência dos Estados Unidos em assuntos de interesse dos brasileiros. Com o seu conhecido linguajar, procurou, em sua fala, de olho em 2026, atingir o seu público: “Você veja: os Estados Unidos querem processar o Alexandre de Moraes porque ele está querendo prender um cara brasileiro que está lá nos Estados Unidos fazendo coisa contra o Brasil o dia inteiro. Que história é essa de os Estados Unidos quererem criticar alguma coisa da Justiça brasileira? Nunca critiquei a Justiça deles. Eles fazem tanta barbaridade, tantas guerras, eu nunca critiquei”.

Em seu discurso, Lula ainda blindou o STF: “Não que a Suprema Corte seja uma maçã doce. Não. É porque precisamos preservar as instituições que garantam a democracia deste país. Se a gente for destruir o que não gosta, não vai sobrar nada”, afirmou Lula.
A verdade é que 2026, por enquanto, é um enigma.