Andreia de Jesus

Acabar com a fome. Essa é a agenda

Políticas sociais em Minas e no Brasil a partir de 2023

Por Andreia de Jesus
Publicado em 19 de novembro de 2022 | 06:00
 
 
 
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Em uma das tantas caminhadas por Minas Gerais, durante as últimas eleições, conheci a Júlia, uma menina de 6 anos e que já faz parte de tristes estatísticas. Ela e sua família estão entre os milhões de brasileiros e brasileiras que, ao acordarem pela manhã, não sabem se terão algo para comer. 

Isso porque, entre as tantas heranças malditas deixadas pelo desgoverno de Bolsonaro, sem sombra de dúvidas, o retorno do Brasil ao mapa da fome é a mais cruel delas. Nos últimos anos, o número de pessoas passando fome no Brasil quase dobrou. Hoje são mais de 33 milhões de brasileiros e brasileiras que passam os dias sem ter o que comer. São 14 milhões a mais do que era registrado em 2020. 

A fome no Brasil tem cor e tem gênero. De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar, 65% das famílias cujos responsáveis são pretos ou pardos, convivem com restrição de alimentar nos mais diversos níveis. Em comparação com o mesmo estudo feito em 2020, a fome saltou de 10,4% para 18,1% entre os lares comandados por pretos e pardos. Assim como também cresceu a fome em lares em que a mulher é a referência. Passou de 11,2% para 19,3%.

Resultado da política econômica de Bolsonaro e Guedes, que beneficia bancos e grandes conglomerados nacionais e internacionais em detrimento da geração de emprego e renda e da manutenção de políticas sociais consistentes como as que tínhamos até pouco tempo atrás. Precarização das relações entre capital e trabalho criando apenas empregos sem direitos e com baixos salários e redução dos recursos destinados às políticas sociais, como para a merenda escolar. É só isso que eles sabem fazer. 

Realidade que impõe aos governos, em todas as suas esferas, a tarefa urgente de enfrentar a fome e a insegurança alimentar que se abate sobre parcela significativa da população brasileira. Políticas públicas efetivas são o único caminho. 

E essa luta é para agora. A fome não espera. Sim, temos que ter políticas que gerem emprego e renda no médio e no longo prazo. São ações mais estruturantes. Mas precisamos por comida na mesa das famílias hoje. 
O presidente Lula já anunciou que essa será a sua prioridade. E para isso é importante que o Congresso Nacional faça a sua parte. Aprovando a emenda constitucional que garanta os recursos para o Bolsa Família de R$ 600 e mais R$ 150 por criança até 6 anos. Isso porque o Orçamento enviado pelo atual governo não garante os recursos para além dos R$ 400. 

Mas o governo de Minas deve fazer a sua parte. Seja complementando os programas federais de garantia de renda mínima, seja investindo de forma séria e determinada em políticas sociais que assegurem mais dignidade as famílias mineiras. A capacitação profissional, preparando as pessoas para o retorno ao mercado de trabalho e a qualificação da merenda escolar são medidas que também contribuem com a mudança de realidade de milhares de famílias.

Essas são algumas das propostas que vou defender durante as votações do Orçamento estadual na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Não é possível que o governo mineiro siga fechando os olhos para a vulnerabilidade social de parcela significativa da população.

Vou trabalhar para que o Orçamento de Minas Gerais reflita, de uma vez por todas, as necessárias medidas que importam a maioria da nossa gente. Um orçamento em que políticas públicas tenham como função combater à fome em total prioridade na alocação de recursos. 

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