Artigo

Car-T Cell é um bem necessário

Inovadora técnica genética no combate ao câncer

Por Guilherme Muzzi
Publicado em 01 de março de 2024 | 07:00
 
 
 
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A terapia com o Car-T Cell é uma das inovações recentes no campo da oncologia. Ela tem ganhado destaque por ser uma abordagem revolucionária no tratamento de alguns tipos de cânceres. Consiste numa forma avançada de imunoterapia que utiliza as células do sistema imunológico do paciente com câncer para combater a sua própria doença. Isso envolve a modificação genética dos linfócitos T para atacar especificamente as células cancerígenas.

Apesar disso, algumas pessoas têm questionado a possibilidade de seu uso provocar outras neoplasias. Essa relação com o surgimento de cânceres secundários ainda não é cientificamente comprovada, sendo a chance praticamente nula. O tratamento não é um problema, mas uma solução para muitas pessoas na luta contra o câncer.

A leucemia linfoblástica aguda B, por exemplo, é uma das doenças cuja terapia Car-T Cell tem mostrado resultados promissores. Além da leucemia, a terapia também atua no combate ao linfoma não Hodgkin e mieloma múltiplo. Essa versatilidade na abordagem de diferentes malignidades torna a terapia Car-T Cell uma opção intrigante para pacientes com diferentes diagnósticos, especialmente aqueles que têm pouca chance de cura.

Comparada a abordagens convencionais, como quimioterapia e radioterapia, a terapia destaca-se pela precisão e seletividade, minimizando danos às células saudáveis. Contudo, é importante considerar que nem todos os pacientes respondem da mesma forma a essa terapia, e há desafios a serem superados.

Entre esses desafios, está o custeio do tratamento. Embora a terapia Car-T Cell represente um avanço significativo, seu custo é considerável. Esse fato é preocupante para muitos pacientes e, principalmente, para o nosso sistema de saúde. As despesas envolvidas na manipulação genética e na administração do tratamento são fatores a serem colocados sob análise.

Apesar disso, o procedimento é relativamente simples e muito eficaz. O processo começa com a coleta de linfócitos T do sangue do paciente com câncer por meio de uma máquina. No laboratório, eles são geneticamente modificados para expressar um receptor quimérico, que lhes confere a capacidade de reconhecer e atacar especificamente suas células cancerígenas.

É como equipar as células do sistema imunológico do paciente com um detector de alvo especializado. Essas células já modificadas são reintroduzidas no paciente como se fosse uma transfusão e passam a caçar o câncer.

A técnica é muito eficiente e tem apresentado resultados surpreendentes. É hora de clamar por investimentos públicos e privados e difundir essa terapia, que pode ser considerada um tratamento revolucionário contra o câncer.

(*) Guilherme Muzzi é médico hematologista. Por seis meses, acompanhou cerca de 50 pacientes tratados com o Car-T Cell pela equipe de hematologia do Hospital Clínic da Universidade de Barcelona

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