A pandemia do coronavírus, vírus causador da Covid-19, doença respiratória infecciosa que paralisa o mundo, vem demandando que os governos e as grandes empresas se reinventem e se adaptem para modernizar os diversos setores produtivos a fim de minimizar os impactos causados por esta devastadora doença, que, infelizmente, vão muito além da área da saúde.
Em pleno século XXI, tempo em que a inteligência artificial é pauta nos grandes fóruns de tecnologia, a natureza decidiu relembrar ao mundo toda sua força e capacidade por meio de um vírus que em um primeiro momento pode ter sido considerado uma simples gripe, mas, devido ao seu alto poder de contágio, velocidade de transmissão e capacidade de comprometimento das vias respiratórias dos acometidos, comprovou fazer jus a toda dedicação possível por parte da sociedade e dos líderes governamentais.
Dessa forma, do crescimento assustador da curva de infectados e de mortos pela Covid-19, além da incansável corrida em busca de medicamentos capazes de diminuir os seus efeitos e o desenvolvimento de uma vacina que possa exterminar essa pandemia, se fez necessário desenvolver outros ramos tecnológicos, desde implementação de meios de monitoramento de possíveis contaminados, até uma forçada digitalização de setores antes fundamentalmente presenciais.
No quesito farmacêutico, foi anunciado pelo governo chinês que seus cientistas teriam encontrado em um medicamento já existente para influenza o instrumento de combate à temida Covid-19. O Japão e a Coréia do Sul ainda se mostram resistentes à sua utilização por ausência do número de testes clínicos necessários para assegurar a sua eficácia. Outros medicamentos, como a hidroxicloroquina, também tem sido testada sua eficácia e já autorizado o seu uso por alguns países, como Brasil e Estados Unidos.
Já no que tange à busca por vacinas, procedimento mais demorado e complexo em razão do número de testes necessários antes de se chegar a uma fórmula que possa ser aprovada pelas agencias sanitárias e industrializada, cientistas de todo o mundo seguem estudando profundamente o assunto. No Brasil, pesquisadores do Instituto do Coração (Incor) e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) avançam em suas pesquisas sobre o tema, tendo inclusive conseguido sequenciar o genoma do vírus 48 horas após a confirmação do primeiro caso brasileiro.
Nos Estados Unidos, cientistas utilizaram um supercomputador para tentar buscar dentre milhares de compostos aqueles que podem impedir que o coronavírus infecte as células hospedeiras. A ideia é, a partir desses compostos, encontrar medicamento e vacinas capazes de combater esse vírus.
Além disso, podemos perceber uma movimentação das empresas privadas, mesmo daquelas que não são do ramo da saúde, para prestar sua colaboração da melhor forma possível. Na China, o governo chinês realizou parceria com o grupo Alibaba, especializado em e-commerce, criando um sistema de monitoramento dos cidadãos por meio de QR code, o qual, após o preenchimento de formulários, o usuário receberá com uma cor específica, sendo vermelho a necessidade de permanecer em casa por 14 dias, amarelo a quarentena de sete dias para observação de possíveis sintomas e verde o trânsito livre.
Na Itália, um dos países mais atingidos por essa pandemia, vidas foram salvas pela utilização de uma impressora 3D para produzir uma válvula necessária para utilização de máscaras respiratórias daqueles que estão em estado mais grave, graças à cooperação de uma gráfica de jornal local. No Reino Unido e Estados Unidos as fábricas e montadoras de automóveis como Jaguar Rolls Royce e General Motors se comprometeram a produzir respiradores mecânicos para buscar suprir a demanda. No Brasil, a Ambev anunciou a produção e distribuição de álcool em gel aos hospitais.
Ademais, enquanto a orientação do Ministério da Saúde for a de permanecer em casa, com o objetivo de frear a rápida cadeia de transmissão do vírus e buscando evitar a sobrecarga do sistema de saúde, o terceiro setor será diretamente afetado e obrigado a se modernizar. Desse modo, diante de shoppings fechados, ruas desertas e apenas serviços essenciais em pleno funcionamento, o varejo, antes preferencialmente presencial, vêm aprimorando sua capacidade de market place, visando seguir com suas vendas, movimentar o seu caixa e girar a economia do país.
O que se tem percebido é que a crise econômica decorrente deste caos na saúde reafirma a necessidade de instintos de sobrevivência e de solidariedade que possam salvar o futuro. Não que a digitalização de serviços seja novidade para as empresas, afinal, como já afirmado, vivemos a era da inteligência artificial. No entanto, a sua virtualização, através da relação humana utilizando as experiências afetivas, e as adaptações necessárias para tanto surgem diante da preocupação com a manutenção de empregos e de uma economia saudável, é fator novo principalmente para os pequenos e médios empresários.
É possível arriscar que, mesmo após termos ultrapassado essa crise, se iniciará uma nova era de comportamentos humanos, decorrentes dessa transformação compulsória da sociedade. Isso porque pequenos restaurantes e supermercados estão se cadastrando em aplicativos online de entregas, profissionais do ramo de beleza estão criando sites com a venda de vouchers para utilização futura, especialistas das áreas de psicologia, nutrição e educação física passaram a atender de forma online. São diversas adaptações sendo feitas, que com a ajuda da tecnologia, permitem que enquanto durar a recomendação de se permanecer em casa, alguns trabalhadores consigam manter uma renda mínima.
O que se pode concluir é que tanto a iniciativa privada quanto a pública estão se utilizando da tecnologia como um grande aliada não só na busca de medicamentos e vacinas, mas também para monitorar, auxiliar e salvar vidas e a economia, com soluções alternativas às tradicionais, como forma não só de fazer a sua parte para que a crise passe o mais rápido possível, mas também demonstrando que este é o momento de união de forças e solidariedade para proteger o próximo.
Ao fim da crise, teremos a certeza de um aprendizado de mais solidariedade e compaixão com o próximo e a valorização da liberdade humana.