O ataque de alta precisão via drone, perpetrado pelo governo norte-americano e que acabou causando a morte de Qassem Soleimani – major-general iraniano da Guarda Revolucionária Islâmica (GRI), comandante da Força Quds e um dos homens mais poderosos do Irã – gerou grande inquietação internacional por abrir portas para possíveis conflitos, que representariam a retaliação iraniana à maior potência militar do mundo. 

Além dos conflitos bélicos no Oriente Médio, esse desentendimento entre as duas nações gerou muita ansiedade em relação à comercialização do petróleo e ao aumento de seu valor em praticamente todos os países. Sendo assim, a pergunta que não quer calar é: como esse conflito entre os Estados Unidos e o Irã pode afetar o preço do petróleo e de que forma isso pode atingir os brasileiros, tendo em vista a atual política de preço dos combustíveis?

Na década de 90 e nos anos 2000, os iranianos não construíram uma interação tão amigável com as grandes potências econômicas mundiais (Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, China e Rússia), pois se suspeitava que os mesmos estavam trabalhando na elaboração de projetos para a produção de armas nucleares. Depois de acusações e tentativas de investigações, a Organização das Nações Unidas (ONU) aplicou sanções ao Irã para que o projeto nuclear fosse interrompido. Tais medidas prejudicaram bastante a economia iraniana, o que, por sua vez, provocou um período de crise e de constantes protestos populares. 

Muitas críticas e acusações contra o governo iraniano foram feitas pelo presidente norte-americano Donald Trump, que em 2018 retirou os EUA do acordo nuclear com o Irã, retomando as sanções contra o país. A acusação mais séria de Trump foi atribuir ao governo iraniano a responsabilidade pelo ataque que ocorreu em setembro de 2019 a um complexo de refinarias na Arábia Saudita. 

O desenrolar do conflito vem sendo muito discutido devido às consequências graves que podem atingir a economia. O que realmente preocupava ao mercado é a especulação de uma possível intervenção dos iranianos no Estreito de Ormuz – uma das principais rotas do comércio de petróleo no mundo. Essa especulação trouxe mais volatilidade ao mercado financeiro e o aumento do preço do petróleo. A sazonalidade das commodities e a procura dos investidores por uma maior proteção também podem ser outras razões dessa alta de valores. 

Os aumentos identificados em janeiro acabaram desacelerando. Caso essa situação prevalecesse, as bombas de combustíveis poderiam ser impactadas. Isso porque, desde 2016, a Petrobras segue a política de ajustes de preço pela cotação do petróleo internacional e pela variação do dólar, assim, qualquer impacto geopolítico pode, sim, afetar o mercado brasileiro. 
O desafio que se apresenta é apurar a magnitude desse impacto nos preços dos produtos.