É uma tendência mundial das organizações, que há muitos anos já é praticado por profissionais especializados, usuários de sistemas informacionais com perfil de responsabilidade com as organizações. Companhias sérias que respeitam seus colaboradores, aliado aos profissionais comprometidos com os resultados das empresas públicas ou privadas, estão no mundo desenhando este exitoso modelo de trabalho. Mas esse formato é para chefias responsáveis, criativas e emancipadoras. Não se adapta aos chefes da era industrial, receosos e tímidos para inovação.

Estamos falando do home office, chamado também de teletrabalho ou trabalho remoto, que veio para ficar e expandir. Gera produtividade, resultado, lucro, cumprimento de metas, melhora a qualidade de vida, a saúde mental e física de todos. Na quietude de trabalhar um escritório-biblioteca, o silêncio favorece a concentração para focar no trabalho de ordem intelectual, que exige muito do pensamento. Ambiente favorável para a escrita de textos complexos, formulação de ideias, projetos, encaminhamentos e pareces.

O home office proporciona vários benefícios para sociedade. Cerca de 30% dos veículos estão ficando nas residências, melhorando a mobilidade urbana e a qualidade do ar. As famílias estão se organizando neste novo modelo, no qual a presença dos pais nos lares proporciona uma educação mais afetiva às crianças e jovens. A melhoria da saúde física e mental do trabalhador irá reduzir problemas de saúde correlacionados ao estresse do trabalho. E não há dúvida sobre o impacto na produtividade, lucros e ganhos sociais para empresas e setor público.

Existe uma corrente defendendo que os trabalhadores em casa estão gerando enorme economia, lucros e ganhos para as organizações. Nesse sentido, elas deveriam gerar e transferir um “tributo solidário” para as famílias e segmentos vulneráveis da sociedade, tais como moradores em situação de rua e idosos abrigados em asilos. Como exemplo o valor desse “imposto” poderia ser fixado a partir da remuneração  diária do salário mínimo, revestido em compra de cestas básicas (valor estimado R$ 50).

Nesse turbilhão de mudanças e em meio à reclusão obrigatória, é preciso refletir e mudar de atitude. Há uma janela de oportunidades para um novo modo de fazer nossos ofícios. Claro que é necessário sermos seletivos e criteriosos para que possamos fazer com que o home office se desdobre em solidariedade.

Sou do grupo de risco. Tenho 60 anos e a aposentadoria tardou com mudanças de um Estado deficitário e perdulário que obriga nos obriga a fazer parte da velhice no mundo do trabalho da Era Industrial. Como economista há décadas (desde 1985), me especializei em políticas públicas. Sou concursado como Analista de Finanças, Administração e professor de Economia. Pós-graduando em desenvolvimento de recursos humanos, e em psicanálise clínica. Sinto-me credenciado para fazer esse debate à luz de vários especialistas, examinando os benefícios e custos desta mudança de paradigmas.

Como poeta, sou muito esperançoso nas virtudes humanas, numa nova forma de construir a sociedade e formular novas utopias. Vamos ousar juntos defendendo o home office e a solidariedade? O mundo mudou. Ouse mudar ou o universo mudará você.