A vocação de Minas Gerais para o agronegócio é inegável. Terra fértil, com gente guerreira, empreendedora e que, mesmo com os desafios impostos pelo coronavírus, em 2020, produziu um volume recorde de toneladas de grãos e continuou exportando produtos com a excepcional qualidade mineira. O Estado se destaca na sua produção de bovinos, de leite e de seus derivados, que ostentam vários títulos de indicação geográfica. Também é líder na produção de feijão, além de ser responsável por 50% da safra de café, reconhecidamente um dos melhores do mundo. O Estado é referência na produção de milho, soja, cana, hortaliças, frutas, entre outros cultivos.

Minas também tem uma forte presença gastronômica com esses produtos e é detentora de expoente vocação para gerar em suas terras grandes nomes de importante relevância para a história do nosso país e do mundo. Agora, estamos bem próximos de, mais uma vez, confirmar essa vocação de sermos uma terra de gênios, de líderes e de visionários.

Foi com imensa alegria e satisfação, como mineiro, atual presidente do Sebrae e cidadão brasileiro, que recebi a notícia que nosso conterrâneo Alysson Paolinelli foi indicado para receber o Nobel da Paz em 2021, uma indicação que uniu essas duas grandes vocações e que orgulha todos nós.

Ex-ministro da Agricultura e responsável pela criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Paolinelli teve um papel fundamental no desenvolvimento do agronegócio brasileiro, na busca pela pesquisa científica do setor e em programas de segurança alimentar, que ajudaram a transformar o Brasil, o Cerrado e o nosso Estado de Minas Gerais na potência de agronegócio que somos hoje.

Ao criar a Embrapa, ainda no governo Emílio Garrastazu Médici, em 1972, Alysson foi um visionário, como todo grande empreendedor precisa ser. Sabia do potencial do nosso país para o agronegócio, sabia que poderíamos ser sede de importantes pesquisas e estudos que poderiam impactar a quantidade da produção de produtos e a qualidade dos alimentos que todos nós, brasileiros, levamos paras as nossas mesas diariamente.

Há quase 50 anos, ele construiu uma instituição de excelência que, por meio da inovação e da pesquisa, conseguiu fazer com que o Brasil deixasse de ser um grande importador de produtos do agronegócio para assumir a importância de país continental, que é no fornecimento de insumos para o mundo. A história de Alysson e da Embrapa se confundem e permitiram que nosso país se tornasse autossustentável na produção agrícola por meio de investimentos nas áreas de ciência e tecnologia sempre com foco em valorizar o que de melhor podemos produzir, com o mínimo de impacto no meio ambiente.

Paolinelli é reconhecido como entusiasta da revolução agrícola brasileira de forma sustentável. Ao longo dos seus 84 anos, sempre buscou soluções que pudessem melhorar a qualidade e a efetividade do agronegócio brasileiro. Devemos considerá-lo uma usina de ideias e do empreendedorismo. É importante que o Brasil saiba reverenciar a história e conquistas desse homem pela sua postura inclusiva e agregadora. Como mineiro e como brasileiro, sinto orgulho de ter acompanhado parte da história desse gênio que, além de ter nascido em terras mineiras, iniciou sua importante formação quando começou a cursar engenharia agronômica pela Universidade Federal de Lavras.

Todos nós temos motivos para comemorar a indicação de Alysson Paolinelli. Esse reconhecimento é fruto do importante papel que ele teve ao viabilizar o desenvolvimento de terras que antes eram apontadas como improdutivas. Graças a ele, muitos consideram hoje que o Cerrado é a sétima Maravilha do Mundo. A política de expansão agrícola nesse bioma tipicamente brasileiro deu tão certo que, hoje, 50% de todos os grãos produzidos no país são provenientes do Cerrado.

Somam-se à sua contribuição para a transformação econômica, social e ambiental brasileira, a credibilidade, a confiança e a segurança de seus projetos. O país tem sorte de ter um homem com mais de 80 anos, moderno, contemporâneo e futurista. Sem Alysson Paolinelli, talvez não ocupássemos essa posição de celeiro mundial e nem poderíamos bater no peito e falar com orgulho que o agronegócio é um dos mais importantes vetores da nossa economia.