A inclusão da pessoa surda na sociedade ainda é um desafio. As barreiras da comunicação, educacionais e atitudinais, dificultam o acesso dessas pessoas aos espaços sociais e profissionais. Além disso, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) ainda é desconhecida pela maior parte da população. Entretanto, ao mesmo tempo, vemos cada vez mais o olhar do poder público e das empresas para o tema.
Segundo o IBGE, 5% da população brasileira é surda ou tem algum problema auditivo, o que representa 10 milhões de pessoas. Uma significativa parcela da população que se posiciona, que tem anseios e que consome.
Estamos vendo a sociedade aderir a esses movimentos de forma muito respeitosa, embora ainda sem muito conhecimento. Por isso, devemos valorizar quando as instituições promovem palestras, lives e eventos com a participação dos intérpretes de Libras. Criadores de conteúdo independentes também fazem parte desse movimento. Apoiados pela atualização das plataformas, legendas em vídeos e áudios são cada vez mais fáceis de serem incorporadas.
Essas mudanças estão se tornando um movimento forte, que dificilmente vai retroceder. E a própria população está atenta a essas iniciativas, divulgando quando elas são executadas e cobrando na falta delas, o que traz uma conscientização e uma sensibilização sobre a importância da inclusão.
No Senac isso não é diferente, com a prática da educação profissional inclusiva. Durante a pandemia, por meio do ensino remoto, conseguimos ampliar o acesso dos alunos surdos às aulas, conectando-os a intérpretes de libras independentemente do lugar do estado onde estivessem. A tendência é manter movimento nesse sentido após a retomada definitiva das aulas presenciais.
Lives e eventos têm sido traduzidos simultaneamente em Libras nos diversos temas abordados, não se restringindo apenas às pautas direcionadas pelo setor de inclusão. Por fim, ainda destaco o mais recente avanço desse nosso processo de inclusão da pessoa surda, que é a tradução em Libras dos podcasts do Senac.
E no poder público, projetos em tramitação no Congresso já buscam fazer desse tipo de solução uma norma, reforçando os pilares já conquistados pela Lei do Acesso à Informação para pessoas que têm deficiência (Lei 10.098). O PLS 155/2077, por exemplo, trata da obrigatoriedade de intérpretes de Libras em repartições públicas, como um primeiro passo. Já o PL 4.578/2020 busca fomentar a inclusão do surdo para consumo dos telejornais e noticiários das emissoras de TV do país.
Neste Dia Nacional do Surdo, comemorado em 26 de setembro, devemos ter como prioridade a sensibilização para espaços mais inclusivos, onde a pessoa surda possa desenvolver o seu protagonismo e a sua autonomia. Mas o que tem se mostrado mais de imediato é a oportunidade e diferencial de mercado e de público para as empresas e profissionais que oferecerem soluções inclusivas.