Opinião

Mudar a política e os políticos para mudar o Brasil

Quem nada fizer para transformar o cenário pode ser considerado conivente

Por Luiz Carlos Borges da Silveira
Publicado em 12 de setembro de 2021 | 03:00
 
 
 
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No Brasil o conceito de política e de políticos está mal interpretado e mal praticado, daí decorrendo os problemas que afetam a administração pública e impactam negativamente todos os segmentos da sociedade.
Política é tida como a ciência do conhecimento sobre o Estado e a arte de buscar e aplicar soluções aos problemas da administração. É antiga, precede a era medieval e ainda é muito atual. Nada é feito sem o exercício da política, de uma grande nação a menor das comunidades, das maiores corporações a mais simples empresa familiar.

Porém, na moderna sociedade, especialmente no Brasil, política é sinônimo de trapaça, de aproveitamento pessoal e de vantagens indevidas porque assim se comportam os políticos, que deveriam ser os protagonistas da verdadeira política em prol do bem comum.

Estima-se que mais de 30% do orçamento público são consumidos pela corrupção via gestores, agentes políticos e prepostos. Há imensuráveis valores desperdiçados em obras e projetos inacabados que um governo não finaliza por ter sido iniciativa de antecessores. E muitas outras obras inexequíveis são licitadas apena para pagar dívidas de campanha.
A impressão que se tem é que desde a instauração da Nova República (em 1985 com o fim da Ditadura) os brasileiros não têm sabido escolher.

Tivemos dois presidentes punidos com impeachment, um governo marcado pela corrupção generalizada e um presidente despreparado que se nutre de tensões, de crises internas e de provocações que chegam ao Judiciário, o qual igualmente realimenta a crise institucional com revides impróprios e medidas inadequadas.

Isso precisa mudar.

Convenhamos: se os eleitos não correspondem, a culpa é também de quem os elegem e aí cabe a responsabilidade do cidadão e da cidadã que votam. O critério pessoal do eleitor precisa deixar de ser a busca do interesse pessoal, deve abandonar a tendência de votar em candidatos popularescos que de política nada entendem – até porque não existe uma escola de formação que doutrine essa importante ciência e arte. Qualquer um pode ser político, basta ter votos e para isso basta ser apenas um ídolo popular, um artista, um esportista ou membro de uma já tradicional família de políticos, mesmo que de má fama.

O eleitor não avalia e não seleciona, vota no joio em vez de votar no trigo. Por isso, um terço do Congresso responde a algum tipo de processo na Justiça que vão de delitos comuns e crimes eleitorais a condenações penais. Mas são eleitos e reeleitos.

Isso também precisa mudar.   

Os políticos, em especial os congressistas, demonstram posição contrária a investigações, como ficou claro na recente votação de recondução do atual procurador geral da República. Augusto Aras acentuou com ênfase ter sido responsável “pelo fim da Lava Jato”, e isso foi o suficiente para conquistar facilmente os votos que lhe dão mais um mandato na PGR...

Este país sozinho possui tudo aquilo que as nações do bloco Brics possuem em seu conjunto: extensão territorial, clima variado que favorece todas as culturas o ano todo, invejável capacidade em recurso hídricos, extensas riquezas no subsolo, ampla costa marítima com potencial não de todo explorado e não registra fenômenos naturais ou climáticos relevantes.

Além disso: tecnologia desenvolvida, empresariado dinâmico e uma população de inegável predicados. Este é um país multirracial, abriga múltiplas etnias em harmônica convivência, contribuindo para o desenvolvimento.

Todavia, sabemos que muita coisa está errada. Não é possível deixar que assim continue. Precisamos que as pessoas de bons propósitos decidam assumir o lugar dos maus políticos Não adianta reclamar, o essencial é mudar. E na democracia não há outra maneira de mudar senão pela saudável participação política.

Portanto, quem nada fizer para mudar o cenário pode ser considerado conivente, sem direito a criticar ou condenar o mal que continuar ocorrendo.

Entendo que a geração atual tem a responsabilidade de decidir por mudanças ou deixar tudo como está.  E é bom lembrar que no próximo ano teremos mais uma oportunidade...

Costumo repetidamente pregar que o Brasil precisar mudar para melhor e isso depende de você, depende de nós...


(*) Médico, empresário e professor

 

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