Desde que foi declarada a pandemia por Covid-19, em 11 de março, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o mundo não é mais o mesmo. As pequenas mudanças no cotidiano das sociedades resultaram em grandes alterações na vida das pessoas. E o papel de cada indivíduo ficou mais claro e mostrou o quanto são relevantes a ação e a consciência de cada um em prol do bem de todos.
Estamos em casa, evitando sair, temos o compromisso e a clareza de que essa nossa atitude, além de nos proteger, preserva também a quem amamos nesses tempos de pandemia da Covid-19. É necessário verificar se essa rotina doméstica está cercada, de fato, de cuidados. É também um momento de pensarmos mais no que podemos fazer pela nossa saúde.
Algo fundamental é buscar hábitos e reflexões que permitam fortalecer e preservar a nossa saúde mental. Conversa com familiares, apoio e diálogo ajudam a enfrentar essa crise sem precedentes. Outras ferramentas disponíveis na internet são a meditação e os exercícios físicos. Preparar as próprias refeições, de maneira saudável, evitando os alimentos ultraprocessados, também pode ser uma forma de cuidar da própria saúde física e mental.
Cursos a distância são uma boa opção para ocupar a mente de forma construtiva e podem ajudar a incrementar as atividades laborativas quando essa pandemia acabar. Suporte de profissionais de saúde mental, mesmo que de forma remota, por telefone ou via internet, se for o caso, devem ser buscados. Há diversos grupos oferecendo, gratuitamente, ajuda a distância.
As questões relacionadas à saúde se potencializam diante desse quadro de pandemia. Fora os fatores psicológicos, há ainda outras situações que influenciam, de um modo geral, a nossa saúde. Uma delas é a dependência do cigarro.
Para aqueles que são tabagistas ativos, que ainda não conseguiram parar de fumar, mas estão preocupados com sua saúde e a de sua família, é importante saber que, quando fumam, outros também fumarão, mesmo não querendo.
Fumam junto o filho, a filha, a mãe, o pai, a esposa, o marido, o irmão, e até mesmo os animais de estimação. Isso significa que todos se transformam em tabagistas passivos, ou seja, respiram as mesmas substâncias tóxicas dos derivados do tabaco, que se espalham no ambiente.
Essa exposição ambiental à fumaça do tabaco pode acarretar problemas de saúde como o infarto agudo do miocárdio, derrame e câncer do pulmão em adultos que não fumam, mas foram expostos por longos períodos. Crianças e bebês são ainda mais vulneráveis ao tabagismo passivo, com risco aumentado de desenvolver doenças respiratórias, doença do ouvido médio e síndrome da morte súbita infantil.
No caso de crianças e adolescentes, é bom lembrar também que está sendo passado a elas, dentro de casa, um tipo de modelo de comportamento considerado de risco para a saúde e o meio ambiente.
Não há nível seguro de exposição ao tabagismo passivo e a única maneira de proteger adequadamente fumantes e não fumantes é eliminar completamente o tabagismo em ambientes fechados.
Este pode ser um importante momento para decidir parar de fumar. A situação de isolamento social gerada pela pandemia e a necessidade de pensar e agir de forma a proteger a própria saúde e a de quem convive com o tabagista, podem ser um estímulo. Há suporte e orientação para os que desejam ajuda, por meio do telefone 136, do Ministério da Saúde. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) oferece material para apoiar e orientar as pessoas a deixarem de fumar.
Exercite um pacto de saúde familiar ficando junto de quem ama e bem longe do cigarro! #Fiqueemcasasemcigarro
Outras orientações em:
https://www.inca.gov.br/noticias/inca-incentiva-deixar-de-fumar-para-prevenir-sintomas-mais-severos-da-covid-19 https://www.inca.gov.br/publicacoes/folhetos/voce-esta-querendo-parar-de-fumar
Liz Maria de Almeida (*) é coordenadora de Prevenção e Vigilância do Inca
Andrea Reis (**) é chefe da Divisão de Controle de Tabagismo do Inca