Opinião

Uso inapropriado de testosterona

Riscos da banalização da reposição hormonal masculina

Por Adauto Versiani
Publicado em 16 de julho de 2020 | 03:00
 
 
 
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A excessiva valorização da aparência corporal, do efeito antienvelhecimento e do aumento da libido aumentou rapidamente a quantidade de homens de meia idade usando testosterona inapropriadamente. A reposição do hormônio masculino propicia benefícios físicos e maior qualidade de vida, mas causa sérias consequências quando usado sem necessidade. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional Minas Gerais (SBEM-MG) – alerta que a reposição só deve ser administrada para quem tem deficiência confirmada.

A testosterona é o principal hormônio sexual masculino, sendo produzida nos testículos. O pico da produção ocorre na adolescência, quando os músculos se desenvolvem, a voz muda e começam a crescer pelos no corpo e no rosto, diminuindo o nível com o passar dos anos. A terapia é autorizada somente para tratamento do hipogonadismo, ou redução anormal nos níveis de testosterona. Cerca de 25% dos homens apresentam deficiência hormonal leve a moderada. Os casos clínicos são identificados pelo médico, gerando benefícios, como por exemplo, a melhoria da qualidade de vida e da saúde.

A SBEM-MG alerta para a prescrição abusiva e indiscriminada de hormônios por médicos não especialistas e mesmo por outros profissionais de saúde, desconhecendo ou deliberadamente negligenciando os riscos terapêuticos envolvidos, priorizando o tratamento hormonal para fins estéticos, antienvelhecimento ou para doenças que nem mesmo existem, como fadiga adrenal. O uso inadequado provoca sérios danos, como problemas cardiovasculares, infertilidade, câncer de próstata, doenças hematológicas e metabólicas.

Os principais sintomas da queda de testosterona são a diminuição do interesse sexual; dificuldade de ereção; falta de concentração e comprometimento da capacidade intelectual; perda de pelos; ganho de peso às custas de aumento da gordura visceral; diminuição de massa e força muscular; perda óssea, alteração da glicose, irritabilidade e insônia.

Não há evidências científicas do uso da testosterona para fins estéticos. Já, nas situações clínicas, quando é comprovada a deficiência do hormônio e não há contraindicação, os benefícios e potenciais riscos de tratamentos estão bem consolidados na literatura médica. O diagnóstico é feito por um endocrinologista com a associação dos sintomas e exames laboratoriais repetidos e confirmados. O tratamento é feito de forma individualizada e especializada. A Terapia de Reposição Hormonal Masculina pode ser administrada através de gel, adesivos cutâneos ou injeções.

Um estilo de vida saudável, conquistado com uma dieta equilibrada, a prática de exercícios físicos e uma boa qualidade do sono podem retardar ou impedir o aparecimento da deficiência de testosterona e proporcionar um resultado estético desejável. A reposição hormonal é permitida para proporcionar qualidade de vida, somente para quem tem deficiência da testosterona.

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