O resultado foi ruim. O desempenho, ainda pior. O Galo saiu no lucro no empate contra a Chapecoense. Defesa reserva, ausência do pensador do time – Nacho –, ponta direita titular fora pela Copa América... Em si, estas circunstâncias não são desprezíveis. No contexto do embate da última segunda, contudo, não creio que caiba as utilizarmos para encararmos a adversidade com alguma benevolência. O oponente, mais fraco em todos os sentidos, tinha quantidade similar de desfalques. E esteve mais perto do triunfo do que o Atlético. Preocupante a frouxidão, em termos coletivos, de posicionamento, da defesa alvinegra. Os catarinenses encontravam latifúndios para infiltrar; fosse um rival qualificado para finalizar, os mineiros se veriam em maus lençóis. Allan era dos poucos que vinha se salvando no combate. Comprometeu sua atuação com pênalti tolo.

Réver e Bueno

Réver errou muito, exalou insegurança no Mineirão. Diante do Inter, já ameaçara entregar a paçoca – terminou salvo por Everson e Arana. A informação de que o lendário zagueiro jogara no sacrifício coloca, no mínimo, um molho no debate: somos tomados pelo receio de escorregarmos para crueldade censurando alguém que não estava em plenas condições e, mesmo enfrentando contratempos, se doou pelo clube, não se escondeu. Mas aí nasce nova dúvida: Bueno não goza de confiança para ser acionado nem quando um companheiro padece com graves dores? Qual a mensagem que isso passa? Como o próprio atleta encara este quadro de desprestígio? A motivação acaba?

Ironia

Assunto espinhoso. Reduzir Cuca ao estereótipo de “técnico do chuveirinho, da ligação direta”, muitas vezes provou-se injusto. Não me agrada a recorrência exacerbada aos cruzamentos na área. Me parece que, afetado pelas condenações a este expediente, o técnico campeão da Libertadores 2013 tem pedido, deliberadamente, para seus comandados não levantarem a bola. Em certa medida, positivo. A linha revela-se tênue, porém. “Fugir” desta arma de modo generalista, apriorístico, nem sempre ajudará.

Populismo

Em meio ao escrutínio de uma mídia invariavelmente simplória, sedenta pelas respostas redentoras, amiga dos lugares-comuns, pela preocupação com a imagem que acomete quase todos nós, vira e mexe profissionais do futebol sucumbem às influências externas. Ouvir o próximo, não se ensimesmar numa bolha que promove o total alheamento, ok. Louvável. Abandonar convicções, criar barreiras indevidas em nome de narrativas fragilmente embasadas, não compensa. Sabedoria, equilíbrio, personalidade...

Galo doido

Vícios, automatismos, tendência humana de apropriar condutas e opiniões – em detrimento de elaborações com notável carga autoral – levam sujeitos que sequer assistem às partidas a explicarem deslizes do Atlético atual com velhas muletas, teorias surradas: “precisamos abandonar o estilo ‘Galo doido’!” O problema na fraca performance da rodada mais recente do Brasileiro não passou por aí. O escrete mandante esbanjou domínio da posse: não soube o que fazer com ela.

Keno

Destaque na temporada passada, o atacante vive inferno astral; anda perdendo gols em doses industriais, parou de decidir...

Coadjuvante

Pouco badalado, aberto pela direita, Hyoran novamente apresentou-se acima da média. Vem sendo um dos mais regulares da equipe.