Se você assistir ao filme “Lutar, lutar, lutar”, obra-prima que conta a história do Galo, e não sair impactado, em êxtase, vá ao médico: você está morto por dentro.

Fred Melo Paiva, nosso gênio das crônicas, não surpreendentemente, nos brinda com roteiro impecável. A dupla Sérgio Borges e Helvécio Marins, responsável pela direção, conseguiu, com louvor, abarcar, em uma só fita, uma história profunda, nuançada, enorme.

Tarefa que pareceria impossível. Para estes dois brilhantes cineastas, tudo ressoou muito fácil. Dizem que os craques são assim. Que Federer nos engana tornando o tênis um esporte simples.

Que Messi desfila nos gramados e que, a cada cavadinha, nos faz sonhar pensando que vamos emulá-lo na próxima pelada. Escrevo este texto em 15 minutos, triste, sem conseguir me concentrar.

Prometi para mim mesmo que a coluna dedicada ao “filme do Galo” seria uma daquelas em que planejo, redijo com calma. O acaso, os imprevistos, as intempéries... O Atlético superou adversidades como ninguém. Pelo menos hoje, e quase sempre, eu não. 

Não linear 

Tive o privilégio de ver o filme duas vezes. Só não fui ontem, ao Belas Artes, porque outro convite irrecusável apareceu. Mas você, raro leitor, rara leitora, corra ao cinema o mais rápido que puder. De preferência ao Belas Artes.

Um filme que brinda tanto a cultura de Belo Horizonte merece ser visto em um dos melhores lugares da cidade. Quanta saudade. A pandemia que nos atacou, como a vida, materializou-se desordenada, sem obedecer à lógica cartesiana.

A montagem de Lucas Campolina também não seguiu ordens. Provou-se impecável. Não conhecia o labor deste competente artista. Bati papo com ele. Lindo, inteligente. Retórica acolhedora. 

Narradora perfeita 

Detesto selfies, abordar famosos. Viajo o mundo e quase não faço registros. Não gosto de redes sociais. De smartphones. A vida me permitiu encontros com toda sorte de celebridades. E de artistas. Gênios. Ver Woody Allen tocando clarinete em Nova York em um espaço ínfimo.

Fazer xixi ao lado de Noel Gallagher e estar com ele, sei lá, umas dez vezes. Todos os atletas e escritores imagináveis. Apenas alguns exemplos. O mundo é barango.

Cultuar pessoas da forma que fazemos hoje, artisticamente vulgar. Mas com a narradora de “Lutar, lutar, lutar”, Carol Leandro... Que voz. Que perfeição no tom. A vi na pré-estreia. Algo no seu olhar me impactou tanto que, não sei bem por qual motivo, pedi a ela uma foto. Que mulher... 

Só para atleticanos? 

Não. Só para amantes do futebol? Tampouco. Mas se você sair da sala e, no mínimo, não passar a admirar a agridoce trajetória alvinegra, cuidado... Sua alma não está em você.

As inúmeras intervenções do melhor jornalista esportivo do país, Juca Kfouri, dono de enorme credibilidade e de honestidade que não consigo precisar agora - coloquemos que, tirando meu pai, Gabriel Mendes, e Isabela Maynard, só confio no Juca, no que tange, inclusive, à minha vida pessoal –, asseguram à narrativa das agruras, das injustiças sofridas pelo Atlético, uma couraça de acontecimentos inquestionáveis. 

Imagens imperdíveis 

A pesquisa para construir “Lutar, lutar, lutar” me pareceu tão grande que, além da admiração que observei até enquanto jornalista – será que sou? – me gerou certa preguiça. Pelo amor de Reinaldo... Por onde começar?

Tenho certeza que testemunhar a criminosa expulsão do Rei diante do Flamengo vai chocar toda a plateia – dos iniciados aos jovens que, inocentemente, escolhem Ronaldinho como maior do que o Rei na história do Galo.

Emoção, informação. Do inefável ao factual. Perdão pelo texto apressado e desleixado. Compensarei com outro provavelmente na próxima coluna. 

Criptografado? 

Melhor twitter: petista safada. Grupa. Caio Ducca. Du das faixas. Fred Melo Paiva. Afonso Borges. Francisco. Devotos. Tiorfan.