Os ataques de Israel ao Irã elevam o temor de um conflito regional em uma área historicamente tensionada. O aumento da capacidade nuclear iraniana está no centro da justificativa israelense para dar início aos bombardeios. 

Autoridades israelenses alegam que o Irã teria o suficiente para produzir até 25 kg de urânio enriquecido a 90%, o que seria capaz de produzir de 9 a 15 bombas atômicas. Por sua vez, Israel também é uma potência bélica e nuclear.

Um conflito direto entre os dos Estados seria, sem dúvida, o maior do século XXI. O cenário ainda é complexo e de difícil prognóstico. O Irã deu início ao contra-ataque ainda na tarde de ontem, e os Estados Unidos posicionam ativos militares no Oriente Médio diante da possibilidade de retaliação contra Israel.

O temor da comunidade internacional em relação a uma escalada é justificável, tendo em vista a magnitude dos alvos. A ofensiva de Israel atingiu profundamente a cúpula científica e militar iraniana dedicada aos estudos e produção de armamento nuclear. A usina considerada “o coração do enriquecimento de urânio” veio abaixo.

As ameaças do Irã e a retórica de Israel indicam que o conflito deve se prolongar. Este é o momento de a comunidade internacional agir com “moderação máxima”, como pediu o secretário geral da ONU, António Guterres. 

Além disso, potências como China, Rússia e União Europeia devem assumir um papel mais ativo na mediação e no apaziguamento das tensões, de modo a evitar que o Oriente Médio mergulhe em um conflito de proporções catastróficas e impacto global. A escalada atual não diz respeito apenas à rivalidade entre dois países, mas representa uma ameaça concreta à estabilidade mundial.

O mundo não pode assistir passivamente. O momento exige diplomacia, diálogo e pressão por soluções pacíficas. O custo da omissão será alto demais.