Os brasileiros atingem nesta quinta-feira o total de R$ 2 trilhões em impostos pagos em 2025, segundo o tradicional Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo. A marca foi atingida 19 dias mais cedo que no ano passado.
O número aparece para lembrar o cidadão do peso dos tributos que ele carrega e, ao mesmo tempo, serve de alerta ao governo sobre a necessidade de controlar as contas públicas.
A simplificação dos tributos, com a unificação de impostos sobre consumo e a criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), pode reduzir distorções históricas e tornar o sistema mais justo e eficiente. No entanto, para que essa reforma cumpra seu papel transformador, é preciso garantir mecanismos de progressividade.
A maior concentração da arrecadação de impostos está no consumo, o que causa alto grau de regressividade (arrecada-se proporcionalmente mais quem ganha menos). Os impostos sobre bens e serviços representam 40,2% (R$ 1,3 trilhão) da receita tributária do Brasil em 2022, segundo estudo da Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado naquele ano. Já os tributos sobre a renda corresponderam a 27,4% da receita no mesmo ano, enquanto a folha de pagamento foi responsável por 25,9%.
O país é o pior no quesito retorno de impostos em forma de serviços para a população. É o que constata o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação. O ranking considera os 30 países com a maior carga tributária do mundo e leva em consideração o Índice Desenvolvimento Humano (IDH) para definir a qualidade da aplicação dos impostos arrecadados.
O intrincado sistema tributário segue impedindo o investimento do setor produtivo. Com isso, o Brasil enfrenta dificuldade em gerar empregos qualificados e, consequentemente, a renda dos trabalhadores.
Modernizar o sistema tributário vai além de minirreformas. O Brasil padece de anos de gestões com mentalidade puramente arrecadatória. É necessária uma mudança de visão em relação ao papel do Estado.