Apesar de a perspectiva não ser imediata, mas apenas para o ano que vem, a companhia de águas e esgotos de Minas Gerais já trabalha com a possibilidade de enfrentar um racionamento em 2020, atingindo 4,5 milhões de moradores da capital e da região metropolitana.

Se os níveis de chuva voltarem aos patamares de 2014 e 2015, e se a Vale não concluir a obra de construção de uma nova adutora no rio Paraopeba – a anterior foi desativada pelo rompimento da barragem de Brumadinho –, o risco é de se atingir o volume morto das represas de Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores.

Por isso, a Copasa já elabora um plano de racionamento, pelo qual haverá paradas de 24 a 48 horas no abastecimento, prioridade no fornecimento de água para hospitais e escolas, envio de 4.000 caminhões-pipa por dia para regiões mais distantes e rodízio na distribuição do líquido.

Os custos seriam repassados à Vale, mas, curiosamente, a estatal já está aplicando um reajuste nas tarifas que corresponde a mais do que o dobro da inflação nos últimos 12 meses. As contas vão subir, em média, 8,38% já em agosto, onerando mais as residências, com 11,62%.

A Copasa alega que o reajuste anual, autorizado pela agência de águas do Estado, repõe a inflação e os investimentos necessários para garantir a eficiência do serviço. Este atende 5,2 milhões de pessoas em 581 municípios, abrangendo 63,91% do saneamento básico em Minas.

A preocupação maior é com a entrega do novo sistema de captação, a ser construído pela Vale 12 km acima da adutora anterior, que custou R$ 150 milhões ao Estado em 2015. A estatal quer que essa entrega seja antecipada para junho de 2020, quando a crise hídrica é agravada pela estiagem.

Desde o desastre de Brumadinho, a água do rio Paraopeba não é mais utilizada no abastecimento da região metropolitana. A Justiça determinou à Vale a reparação do prejuízo. As informações são de que os estudos já estão sendo feitos e em agosto próximo as máquinas começam a trabalhar. É aguardar.