Ameaças de ontem e hoje

Há exatos 19 anos, a visão de aviões explodindo contra as Torres Gêmeas do World Trade Center fez o mundo inteiro duvidar sobre como seria o futuro. Os atentados do 11 de Setembro contra os Estados Unidos moldaram o início do milênio com base na violência e na insegurança.

Diante das telas de TV, as pessoas por todo o planeta viram 2.977 vidas se extinguirem em um ato terrorista praticado por uma ameaça desconhecida e onipresente, assistiram a guerras começarem no Afeganistão e no Iraque e observaram atentados que se espalharam pelo mundo, dividindo opiniões e a sociedade. Por muito tempo, ninguém conseguia imaginar se a sensação de medo algum dia iria passar.

Quase duas décadas depois, o planeta acompanha online um novo marco histórico em que mortes se contam aos milhares todos os dias. Em vez de terroristas, há o vírus; no lugar das explosões, as imagens que chocam são as de leitos hospitalares com médicos e enfermeiros cobertos dos pés à cabeça e de túmulos abertos para sepultamentos solitários; e as batalhas não são travadas por homens armados, mas por cientistas nos laboratórios. Mas o medo e a dúvida persistem: algum dia voltaremos a ser os mesmos?

Em eventos definidores, como o 11 de Setembro e a pandemia, o temor alimenta incerteza e conflitos. Governos manipulam discursos para extrair vantagens, e pessoas, inseguras, reproduzem factoides que inflamam paixões e aprofundam divisões em sociedades já desiguais – fatos que potencializam os danos provocados pelos atentados e pela doença.

A lição da história é que somos capazes de nos adaptar, resistir e vencer esses desafios. Para isso, o caminho é não enxergar o outro como ameaça, mas priorizar aquilo que nos singulariza e nos une: a nossa humanidade