Moradores das proximidades de duas barragens de rejeitos de mineração, nos municípios de Barão de Cocais, na região Central do Estado, e Itatiaiuçu, na região metropolitana de Belo Horizonte, foram evacuados, ontem de madrugada, pelas empresas mineradoras.
Em Barão de Cocais, uma sirene foi disparada na mina do Gongo Soco, pedindo aos habitantes para abandonarem suas casas. Em Itatiaiuçu, funcionários da própria mineradora acordaram os moradores, batendo de porta em porta, na localidade de Pinheiros.
Ocorrendo a ruptura da barragem da mina Serra Azul, em Itatiaiuçu, a lama poderá atingir a BR–381 e chegar ao rio Manso, que abastece a região metropolitana. Em Barão de Cocais, o rio São João, ao longo do qual vivem entre 1.500 e 2.000 pessoas, seria afetado.
Cerca de cem indivíduos em Itatiaiuçu e 300 pessoas, em Barão de Cocais foram removidas, sendo instaladas em hotéis da região. Não há previsão de voltarem para casa. As barragens atingiram o nível 2 na classificação de risco de rompimento; o nível 3 é a ruptura.
As mineradoras decidiram evacuar os moradores das duas localidades por medida de precaução. Depois de dois desastres de grandes dimensões, em Mariana e Brumadinho, os próprios gestores da atividade minerária demonstram que estão muito inseguros.
Tanto quanto os moradores das imediações dessas barragens, seus executivos e funcionários estão em pânico. Não é para menos, depois do desastre de Brumadinho, que ceifou quase 400 vidas, além de provocar imensurável prejuízo econômico, social e ambiental.
Depois de Brumadinho, as barragens de rejeitos a montante estão condenadas. Com o aumento da produção, para atender as exportações, elas estão se aproximando da saturação, se já não estiverem saturadas, elevando potencialmente o risco de rompimento.
Até que sejam definitivamente abolidas, a precaução recomenda pôr as barbas de molho.