Na semana em que o mundo atingiu 4 milhões de mortes e 3,3 bilhões de vacinados contra a Covid-19, a Organização Mundial da Saúde fez um alerta sobre os riscos de uma reabertura acelerada sem levar em conta os novos desafios que a pandemia do coronavírus impõe à sociedade. O diretor do programa de emergências da OMS, Mike Ryan, até cunhou um termo para denominar a pressa em abandonar os cuidados sanitários: “estupidez epidemiológica”.
Muitos ignoraram a própria realidade e se espelharam nas notícias de suspensão de barreiras, fim do uso de máscaras e abertura incondicional de espaços em países da Europa com programas avançados de imunização. Mas, agora, os fatos começam a relativizar as medidas de alívio.
O número de casos cresceu 30% no continente europeu, com Reino Unido e Espanha avaliando voltar a conter movimentação de pessoas. A França fez um apelo à vacinação para impedir uma antes impensada “quarta onda”, e os Estados Unidos viram o número de casos crescer 21% após a resistência ao programa de imunização impedir o país de chegar ao feriado da independência com 70% da população vacinada.
Além da negligência da população com a prevenção, um outro fator agrava a pandemia. A variante delta, mais agressiva e transmissível, avança por mais de cem países. Nos Estados Unidos, cinco em cada dez casos são provocado pela nova variante; na Inglaterra, são sete em cada dez.
No Brasil, onde foram registrados casos de transmissão autóctone, 70% da população não está completamente imunizada, e muitos agem como se o risco tivesse sido eliminado. A abertura dos espaços é necessária, mas é preciso equilíbrio para que ela se sustente e não se transforme em abertura para uma nova e mais grave fase da pandemia.