Bebida demais

Foram vários dias de alegria. Mas alguns abusaram na dose, incrementando a euforia natural despertada pelo Carnaval com o uso em excesso de álcool e outras drogas, indo parar até no hospital, nos casos mais graves.

É o que revelou reportagem de ontem de O TEMPO, mostrando que, se o público cresceu, também aumentou o número de foliões que perderam o controle sobre sua própria condição física. Em três dias e meio, 400 pessoas procuraram os dois postos médicos instalados para socorrer os foliões. O aumento foi de quase 30% em relação ao ano passado, e oito em cada dez atendimentos foram por intoxicação.

Na maioria dos casos, as pessoas abusaram do álcool. Jovens até 25 anos, inclusive menores de idade, de 13 e 14 anos, beberam até cair. Dez por cento desses foliões tiveram de ser encaminhados aos hospitais.

Como o comércio de bebidas foi feito sobretudo por vendedores ambulantes, não houve nenhum controle com relação à venda de produtos alcoólicos para menores. Um jovem confessou seu “fraco com a catuaba”.

Geralmente, os homens bebem mais em festas como o Carnaval. Mas, neste ano, segundo observadores, as mulheres surpreenderam. Elas também foram atendidas nos postos médicos por uso abusivo de álcool.

A euforia leva a pessoa a não se hidratar, não se alimentar e a não descansar para aproveitar ao máximo a festividade. Nos casos mais sérios, ela chega a entrar em coma, precisando ser ressuscitada pela equipe médica.

A média de atendimentos chegou a quase cinco por hora nos postos médicos. Mas foliões foram atendidos também nas UPAs e no Hospital do Barreiro, além de as unidades do Samu terem tido trabalho reforçado.

As consequências serão sentidas ao longo do tempo. Álcool e outras drogas criam dependência química. O Carnaval é catártico, mas é preciso enfrentá-lo com responsabilidade consigo mesmo e com os outros.