Atos de brutalidade como o que causou a morte de João Alberto Silveira Freitas, 40, espancado por seguranças de um supermercado da rede Carrefour, em Porto Alegre (RS), merecem o repúdio da sociedade civilizada. A delegada que investiga o caso informou à “Folha de S.Paulo” que o crime não teria sido motivado por racismo, mas o fato de a vítima ser negra suscita essa suspeita na opinião pública, tendo em vista o contexto histórico brasileiro quando o assunto é preconceito. Em nota, o Carrefour informou que iniciou rigorosa apuração e trabalha para que os responsáveis sejam punidos legalmente.
Independentemente da conclusão sobre a motivação do crime pelas autoridades, os recorrentes casos de violência desproporcional contra negros reacendem a necessidade de se combater o racismo estrutural no país.
Por mais que a legislação tenha avançado no combate a esse tipo de discriminação, a estrutura social está impregnada de preconceito. Este se manifesta de maneira sutil, por meio de discursos subliminares, quase inconscientes, legitimando diversas formas de violência.
Toda manifestação pacífica, como as deflagradas em várias cidades após a morte de João, ontem, é válida. Esse tipo de protesto é parte da mudança de mentalidade necessária para rechaçar os que ainda flertam com o racismo. A estigmatização da imagem do negro só vai ser revertida com um processo de mudança cultural, envolvendo a educação, a legislação e até a linguagem.
A repercussão midiática que o caso da morte de João merece deve deixar como legado um avanço no debate sobre o preconceito de raça. E essa discussão precisa se materializar em ações concretas por parte dos agentes públicos, das empresas e da sociedade.
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