Editorial

Contra a paralisia

Prorrogação da campanha contra a poliomielite e importâ


Publicado em 02 de novembro de 2020 | 03:00
 
 
 
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A prorrogação da campanha de vacinação contra a poliomielite em Belo Horizonte é oportunidade de corrigir um erro com as futuras gerações. Depois de ter registrado dezenas de milhares de casos entre as décadas de 70 e 80, o Brasil recebeu o certificado de eliminação da doença em 1994 em função do sucesso de iniciativas como a que tornaram famoso o Zé Gotinha.

Contudo, a cobertura da imunização tem caído significativamente nos últimos cinco anos, tendo passado de oito em cada dez crianças de 1 a 5 anos em 2015 para pouco mais de cinco em cada dez neste ano. Na capital mineira, das 109 mil pessoas que se esperava vacinar na atual campanha, apenas 45 mil haviam comparecido aos postos de saúde até o último dia 30, data prevista para o encerramento da ação.

Essa retração põe em risco não só a conquista sanitária do país, mas a vida de milhares de meninos e meninas. A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) estima que um em cada 200 casos de poliomielite provoca paralisia irreversível (daí ser conhecida usualmente como “paralisia infantil). E até 10% dos infectados morrem devido à parada dos músculos respiratórios.

Negligenciar a obrigação de vacinar as crianças é um perigo para todas elas. A Opas alerta que basta um caso para o reaparecimento da doença, que, se não for erradicada, pode acarretar 200 novos casos a cada ano na próxima década. E não há uma cura, apenas a vacina.

Ainda que a pandemia de Covid-19 exija cuidados extraordinários na locomoção e no acesso a serviços médicos, cada pai e cada mãe têm a responsabilidade e o dever de levar seu filho até o próximo dia 20 para ser vacinado. Quando o que está em jogo é a saúde e o futuro deles, não há nada que justifique a paralisia voluntária – e por que não dizer criminosa – de seus responsáveis.

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