Considerado a “prévia do PIB”, o Índice de Atividade Econômica (IBC-BR) do Banco Central cresceu 0,44% em abril e voltou a ficar acima do nível pré-pandemia. Contudo, o desempenho ficou abaixo do esperado, em função de os setores produtivos, em especial o de serviços, não disporem ainda de recursos para retomarem plenamente a atividade.
Há uma dificuldade de se obterem empréstimos das instituições financeiras, cujos critérios para liberação de dinheiro paradoxalmente favorecem aqueles que já estão em melhores condições de enfrentar a crise decorrente da pandemia.
Além disso, os custos do dinheiro para manutenção dos negócios e novos investimentos, além de proibitivo, são desiguais. O Panorama de Crédito para empresas no Brasil, elaborado pelo Sebrae, mostra que, em maio, a taxa média de juros em empréstimos foi de 6,5%, mas, no caso das pequenas e médias empresas – que respondem pela geração de sete em cada dez empregos formais –, chegaram a 38,4%. Com isso, os pedidos de falência têm crescido mês a mês neste ano, passando de 39,5% em abril, nos dados levantados pelo Serasa.
A partir de hoje, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicia a reunião periódica para definir a Selic – que serve de referência para o cálculo das demais taxas de juros de mercado –, com uma expectativa de que anuncie na quarta-feira uma nova alta de 0,75 pontos percentuais, o que elevaria o patamar a 4,25% na terceira alta seguida do índice após passar mais de sete meses a 2%.
Num momento em que há quase 15 milhões de desempregados, a política econômica deveria ser de incentivo – e não de sufocamento – ao investimento produtivo, que não tem como sustentar a recuperação com crédito escasso e caro.