Com quase 63 milhões de brasileiros inadimplentes ou com prestações atrasadas, não é de surpreender que quatro em cada dez pessoas que receberam o crédito de R$ 500 do FGTS nos últimos dias tenham optado por pagar dívidas, segundo levantamento do instituto XP/Ipespe.
A liberação dos recursos das contas ativas e inativas do Fundo de Garantia teve como objetivo inicial aquecer o consumo e movimentar o comércio – medidas essenciais em uma economia que ainda tem dificuldades em sustentar o crescimento.
Só a perspectiva de liberação dos recursos – algo em torno de R$ 4,8 bilhões nesta primeira etapa, destinada a correntistas da caderneta de poupança da Caixa – fez com que as vendas no varejo registrassem um crescimento de 1,4% em agosto em relação a julho. Sinal de aquecimento, mas ainda não da aceleração necessária.
A cautela declarada pelo brasileiro comum não é sem sentido. De acordo com o SPC Brasil e e Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas, 49% dos inadimplentes têm dívida igual ou menor que os R$ 500 disponibilizados pela medida do Ministério da Economia. Manter o cinto apertado por mais um mês permitirá liberar o crédito para o fim do ano.
Outro efeito esperado é o impacto sobre os juros bancários. De acordo com dados do Banco Central – descontando os custos de captação –, a inadimplência tem um peso acima de 30% na composição das taxas de financiamento, mais do que os impostos e as despesas administrativas.
O caminho, o brasileiro comum já apontou, resta agora às autoridades financeiras adotar novas políticas para reduzir o endividamento da população, conter os juros e, assim, criar bases para um crescimento sustentável.