Uma das maiores ameaças ao dia D de mobilização nacional contra o sarampo neste sábado (15.2) é o preconceito. Considerado um dos dez maiores riscos sanitários do planeta pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o movimento antivacina já se mostrou decisivo na redução da cobertura de imunização em todo o globo e, consequentemente, na volta de uma doença considerada erradicada há mais de 15 anos.

O movimento começou a ganhar força na década de 80, com o documentário “Vaccine Roullete”, que associava a tríplice viral a danos cerebrais.

Em 1998, o médico britânico Andrew Wakefield publicou um artigo científico que relacionava a vacina a casos de autismo na infância. Posteriormente, descobriu-se que as crianças analisadas haviam sido indicadas por um escritório de advocacia que preparava um processo contra a fabricante da vacina.

Sem que se conseguisse atingir a meta de 95% de vacinação nas duas doses necessárias para evitar o contágio pelo sarampo, a doença mata 140 mil pessoas no mundo por ano.

No Brasil, o número de casos chegou a 28 mil entre fevereiro de 2018 e dezembro de 2019, com 136 registros confirmados em Minas Gerais no ano passado.

A estimativa da Secretaria de Estado de Saúde é que 1,6 milhão de mineiros não tenham tomado uma dose sequer da tríplice viral. No grupo entre 15 e 16 anos, somente três em cada dez jovens receberam as duas doses indicadas. E nenhuma das faixas abaixo dos 19 anos alcançou a meta de imunização.

Nenhum modismo pseudocientífico vale o risco em que se colocam vidas de crianças e adolescentes por negar-lhes acesso à vacina, cuja eficácia já foi comprovada inclusive pela prática e que está disponível universalmente no sistema público de saúde, sem qualquer custo.