Na abertura da reunião das 20 maiores economias do planeta (G20), o Brasil retomou sua reivindicação histórica de assento na ONU e de um novo “Concerto das Nações”, denunciando a incapacidade do atual arranjo internacional de gerar paz.

Um levantamento do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos aponta que 267 mil pessoas morreram em conflitos no ano passado, 14% a mais que em 2022. Além disso, 195 milhões vivem em regiões sob controle de mais de 459 grupos armados. Em muitas das guerras em andamento há envolvimento direto de tropas ou financiamento de países membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Este é um dos pontos críticos apontados pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira, na reunião do G20.

O conselho, idealizado no pós-Segunda Guerra Mundial para corrigir as falhas de sua antecessora Liga das Nações em prevenir um conflito global, praticamente não alterou sua estrutura desde a criação, há sete décadas. A mais significativa foi a substituição da China Nacionalista pela República Popular da China. Mas, em essência, continua tendo como membros permanentes as nações vencedoras da Grande Guerra: Estados Unidos, Rússia, China, Inglaterra e França.

Cada um, individualmente, detém o poder de veto: ou seja, se um deles for contra, nenhuma decisão do Conselho de Segurança é aprovada, não importa o quórum. Trata-se de um poder fenomenal nas mãos dos maiores interessados em conflitos.

Os cinco membros permanentes são o primeiro, o segundo, o terceiro, o quinto e o oitavo maiores orçamentos militares do planeta, gastando, juntos, cerca de US$ 1,4 trilhões em armamentos.

Além disso, as ameaças à segurança hoje são múltiplas, como as epidemias sanitárias, a exemplo da Covid-19, que matou 15 milhões de pessoas até hoje. Ou então, o desafio da substituição dos combustíveis fósseis por energia limpa para conter o aquecimento global, que deve desalojar 216 milhões de pessoas até o fim da década. Dados que mostram a necessidade de mudança para um mundo mais diverso, plural e menos conflituoso.