A volta do crescimento da obesidade no país após três anos de estagnação, detectada na pesquisa Vigitel divulgada na última semana pelo Ministério da Saúde, é um grave sinal de alerta. O estudo mostrou que um em cada cinco brasileiros é obeso e que um em cada dois está acima do peso, fatores de risco para doenças cardíacas e o diabetes. Estima-se que, em todo o mundo, 1,9 bilhão de pessoas estejam com sobrepeso e 650 milhões, obesos – número que triplicou em menos de meio século.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, hoje, a maior parte da população vive em países onde a obesidade mata mais que a subnutrição E não se trata de um sinal de que o planeta ou o Brasil estejam vivendo uma onda de prosperidade e comendo mais. Na verdade, as pessoas estão se alimentando pior, com excesso de carboidratos, gordura e volumes abissais de produtos ultraprocessados desde a primeira infância.

O índice de massa corporal elevado está associado a graves problemas de saúde pública. Um estudo de 2017 da Universidade Federal Fluminense aponta que excesso de peso eleva as chances de desenvolvimento de um quadro de diabetes em 2,5 vezes e o de hipertensão em 3,6 vezes.

Atualmente, 422 milhões de pessoas têm diabetes, e 1,13 bilhão apresentam pressão alta no planeta – dois terços delas em países de baixa e média renda. Um número significativo delas desenvolve doenças cardíacas, que são responsáveis por 17,9 milhões de mortes por ano.

E os impactos se estendem para a economia. Pesquisadores do Instituto do Coração da USP calcularam que, levando em conta despesas dos sistemas públicos e privados com tratamento e a perda da produtividade, os brasileiros gastam R$ 8 bilhões com problemas relacionados a hipertensão e R$ 22 bilhões com infarto – o suficiente para custear o programa Farmácia Popular por dez anos. Dados que comprovam que peso não é uma questão pessoal, mas item crucial de saúde pública para o desenvolvimento.