Garantir o sustento é uma preocupação legítima. Seja trabalhador, seja empresário, ao fim do mês há contas a serem pagas e alimentos e remédios a serem comprados. O isolamento social faz as pessoas se preocuparem com isso, o que também é legítimo.
Mas é enganoso formatar a questão como uma contraposição entre a economia e a vida. Não vivemos um jogo de perde e ganha. Se não agirmos contra a pandemia de forma segura e consciente, todos perdem.
O fechamento de lojas e a interrupção de produção devem custar mais de R$ 7 bilhões em arrecadação em Minas Gerais, conforme calculou o governador Romeu Zema. A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) estima que os prejuízos globais com a Covid-19 passarão de US$ 1 trilhão, e que nenhum país escapará de seus efeitos.
As mais de 20 mil mortes confirmadas e os meio milhão de infectados pelo vírus em todo o mundo não estão em um prato da balança, com a economia em outro. Para que o sistema produtivo se recupere, é preciso que as pessoas que o operam estejam seguras e saudáveis e que o sistema de saúde e de segurança possam garantir isso a elas.
Isolar-se agora permite conter a proliferação do vírus, preserva vidas e a capacidade de hospitais e profissionais de atuarem.
Ainda faltam ações a serem tomadas além do confinamento, que é uma medida defensiva. É preciso combater a doença e a crise juntas. Para isso é preciso coordenar esforços numa única direção, prover condições de a indústria produzir equipamentos médicos e de proteção mais necessários, valorizar laboratórios nacionais para fabricação de testes e medicamentos e disponibilizar crédito para autônomos, empresas e administrações públicas locais terem o apoio necessário quando for seguro retornar às ruas.