Serviço para o país

Pela primeira vez, o setor de serviços atingiu em fevereiro nível superior ao de antes da pandemia. A alta de 3,7% no mês (6,2% no caso específico de Minas Gerais), anunciada ontem pelo IBGE, reflete boas estratégias daqueles que conseguiram se adaptar às transformações e puderam investir em e-commerce, por exemplo, como ressaltou o gerente da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE, Rodrigo Logo.

A boa notícia deve ser observada na perspectiva de que ela reflete uma realidade de quando o segundo e mais violento pico da pandemia estava em seu início e muitos Estados ainda não haviam retomado as medidas mais restritivas de isolamento que atingem especialmente aqueles setores que mais contribuíram para a alta mensal – serviços às famílias, alojamento e alimentação, além de transportes – e que agora começam a ser flexibilizadas em Minas Gerais.

Outro ponto é que, em 12 meses, o setor acumula uma queda de 8,6% no país (-5,2% em Minas), evidenciando a dificuldade de recuperação, em boa parte, devido à dificuldade de acesso a empréstimos financeiros. Segundo a FGV, apenas uma em cada quatro empresas do setor de serviços obteve crédito nos últimos seis meses, sendo que, das que conseguiram, um terço precisou do dinheiro para renegociar dívidas – quando o ideal seria investir em modernização para melhor chegar aos clientes.

Com a retomada da elevação dos juros pelo Copom e a estagnação da nova fase do Pronampe e do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e Renda, faltam incentivos para a sobrevivência do setor de serviços, que representa 74% do PIB brasileiro e 67% dos empregos.

E apenas com crédito disponível, farto e justo é que será possível transformar o recente salto detectado pelo IBGE em crescimento real e de longo prazo