Editorial

Sigam o dinheiro

Ação da Justiça contra as finan


Publicado em 01 de setembro de 2020 | 03:00
 
 
 
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A megaoperação Caixa Forte 2, deflagrada ontem contra o crime organizado, atinge dois pontos sensíveis desses grupos: a capacidade de operação mesmo dentro de presídios federais e, principalmente, as suas fontes de financiamento. Tão importante quanto os mais de 600 mandados de prisão e apreensão é a ordem de bloqueio de R$ 252 milhões das contas dos investigados.

O Primeiro Comando da Capital (PCC) já foi comparado pelos pesquisadores Bruno Paes Manso e Camila Nunes Dias – que há 20 anos estudam a organização – a um misto de irmandade e empresa. Por um lado, ele incentiva a criação de uma rede de “solidariedade e serviços” que o grupo presta aos detidos e às famílias deles desde a sua criação, em 1993, dentro de presídios paulistas.

Mas é no segundo aspecto que o PCC tem se distinguido. A estimativa do Ministério Público paulista é de que a organização movimente, somente com a venda de drogas, não menos que R$ 500 milhões por ano. Trata-se de um faturamento superado apenas por cerca de 800 companhias brasileiras, segundo o levantamento Empresas Mais, do jornal “O Estado de S. Paulo”.

O mérito da ordem da Justiça mineira de atacar o núcleo de lavagem de dinheiro da organização está exatamente em drenar as fontes de recursos que sustentam – junto com o medo – a “solidariedade” dos seus membros, algo que tem se mostrado mais eficiente e menos custoso para o poder público.

Mas a erradicação do crime organizado depende também de que se ataquem as causas de seu crescimento: a corrupção generalizada, que propicia espaços nos quais grupos como o PCC conseguem movimentar seus ganhos, e a desigualdade social, que, pela falta de oportunidades no mercado formal, torna atraente para milhares de jovens brasileiros uma carreira profissional cuja única certeza é de que ela acabará rápido e de uma forma brutal

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