Fake news sobre falta de reposição em supermercados e carrinhos lotados de fardos de papel higiênico são sintomas de um comportamento que traz mais prejuízos do que soluções em tempos de coronavírus. Precaver-se para o período de isolamento, comprando o necessário para alimentação e higiene, é importante, mas o pânico irrefletido fomenta o desabastecimento e a especulação de preços em itens essenciais.
Segundo o instituto Nielsen Brasil, as compras de produtos de higiene e saúde dispararam 623% na primeira semana de março. Um dos maiores exemplos é o álcool em gel, que desaparece das prateleiras assim que é reposto. Mesmo sabendo que a limpeza das mãos com água e sabão faz o mesmo efeito, uma mistura de desinformação e medo faz o consumidor comprar compulsivamente frasquinhos de 200 mL por não menos que R$ 25.
A Federação Brasileira de Hospitais Privados revelou que os preços de insumos para prevenção e serviços médicos disparou mais de 300% após o início da pandemia na China. Uma caixa de luvas, pela qual se pagava nem R$ 16, não é encontrada por menos de R$ 22. E os pacotes de máscaras cirúrgicas, que custavam R$ 5, chegam a R$ 80 devido à explosão de demanda por pessoas que não precisariam (e nem sabem) usá-las.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) já iniciou investigações sobre práticas abusivas das empresas fornecedoras. O Ministério Público de Minas Gerais também está monitorando preços. E, para conter a alta, o pacote federal de emergência prevê zerar a alíquota de impostos sobre produtos de saúde. Só a prudência e a solidariedade, e não o pânico, permitirão que todos tenhamos acesso a bens essenciais na hora que precisarmos e por um preço justo.