A divulgação de pelo menos sete mortes e mais de 500 internações de pessoas com problemas pulmonares graves nos Estados Unidos acendeu o alerta sobre o uso de cigarros eletrônicos. Não há consenso de que o aparelho seja a causa dos problemas, mas o FDA – órgão federal norte-americano que analisa alimentos e drogas – e autoridades médicas advertem sobre os riscos do uso e estão convocando fabricantes a prestar explicações.
Utilizando altas temperaturas, o aparelho permite a absorção de óleo de nicotina por meio de aerossol, emitindo vapor de água em vez da tradicional fumaça. Por causa disso, alguns fabricantes propagam que ele faria menos mal do que o tabaco tradicional.
Contudo, a Comissão de Combate ao Tabagismo da Associação Médica Brasileira afirma que um cartucho do produto eletrônico equivale ao consumo de 15 cigarros comuns.
Em artigo publicado na edição de setembro da revista “The New England Journal of Medicine”, o médico pesquisador da Universidade de Harvard David Christiani fez um apelo aos colegas para que desestimulem os jovens a usar o artefato e promovam a conscientização de seus riscos. Nos fluidos aspirados, o estudioso encontrou seis grupos de compostos químicos potencialmente tóxicos.
No Brasil, uma legislação de 2009 proíbe a venda, a importação e a propaganda de cigarros eletrônicos. Mas isso não impede que eles sejam facilmente encontrados na internet, a preços entre R$ 240 a R$ 700, ou nas mãos de adolescentes em bares pelo país.
Até que se comprove a ligação do surto nos EUA com o aparelho, seu uso no Brasil deve ser visto com a reserva e a prevenção que a lei determina, sob o risco de ver a saúde dos jovens se esvair no ar como o vapor do cigarro eletrônico.