EDITORIAL

Tiro no pé

A reportagem de O TEMPO verificou que várias linhas de ônibus operavam sem agente de bordo em horários em que o profissional é exigido


Publicado em 18 de dezembro de 2018 | 03:00
 
 
 
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No começo do mês, a reportagem de O TEMPO verificou que várias linhas de ônibus operavam sem agente de bordo em horários em que o profissional é exigido, normalmente durante o dia. Trata-se de uma burla à legislação, já que as empresas preferem pagar a multa, se aplicada, a manter o profissional.

O serviço de ônibus na capital e na região metropolitana se ressente da crise econômica, com redução crescente no número de passageiros, sobretudo por causa do desemprego. A situação tem reflexos na queda de qualidade do serviço, com fuga de passageiros para outros meios ou para o transporte clandestino.

Em meio a esse quadro, os empresários tomaram, com o apoio do poder público, uma decisão que, se tem reflexo positivo na economia do negócio, impacta também a qualidade do serviço que é prestado à população. Trata-se da retirada de agentes de bordo de uma parte da frota de coletivos.

Numa situação de crise econômica, com o país precisando gerar empregos, o poder público permite que empresários, concessionários de um serviço público, reduzam ou eliminem postos de trabalho. É o que está sendo feito, sob o argumento de que é uma tendência mundial a automação do pagamento da passagem.

Aconteceu que o serviço piorou, uma vez que apenas uma pessoa assume a gestão de um veículo com capacidade para mais de 50 indivíduos. Ela conduz o ônibus, administra o embarque e desembarque de passageiros, cobra passagens, controla a roleta e opera o elevador para as pessoas com deficiência.

As viagens tornaram-se mais demoradas, acidentadas, até perigosas, estressantes tanto para os motoristas como para os passageiros. Já houve casos em que o condutor abandonou o veículo na rua. Só em Belo Horizonte, são realizadas 26 mil viagens por dia, transportando cerca de 1,3 milhão de passageiros.

Os empresários não deveriam confiar em que, sendo essencial o transporte de passageiros, estes podem ser mal servidos.

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