O mês de julho terminou com 338 pessoas resgatadas pela Polícia Federal em situação análoga à escravidão em uma única operação, sendo 15 trabalhadores em Patos de Minas. Os autores do crime se aproveitavam da situação de vulnerabilidade das vítimas para oferecer uma suposta melhoria de vida. A prática é uma chaga da desigualdade social que se aprofunda em momentos de crise e desemprego.
Desde 2017 até junho deste ano, todas as instâncias trabalhistas julgaram 10.482 processos envolvendo o reconhecimento da relação de emprego de trabalhadores em condições análogas à escravidão. Entre 2020 e 2021, houve um aumento de 41%. Os dados são da Justiça do Trabalho.
Entidades que atuam no combate à prática apontam que a redução de recursos para a fiscalização do crime está na base do crescimento do trabalho análogo à escravidão no país.
A fiscalização é fundamental tratando-se de uma infração que ocorre predominantemente nas áreas rurais, longe dos grandes centros. Cerca de 65% das vítimas são trabalhadores do campo, segundo dados do Ministério Público do Trabalho.
Além da precarização do trabalho e da falta de fiscalização, a impunidade motiva a ação dos empregadores. Uma fazenda que é flagrada submetendo pessoas a condições análogas à escravidão deve ser confiscada pelo Estado, mas não é isso o que acontece. Apenas 2% dos infratores são punidos, de acordo com dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Em um país que bate recordes de arrecadação com royalties e produção na agricultura, é vergonhoso ver que parte da mão de obra do setor trabalha em condições desumanas.