Nesta semana, viralizou nos Estados Unidos uma frase cuja autoria está sob disputa, mas que está sendo repetida, nos ambientes acadêmicos, por pessoas negras a brancas: “Racismo é a sua história fazer parte do currículo obrigatório, enquanto a minha é disciplina optativa”, numa tradução livre para o português.

A identidade negra, em praticamente todos os países onde houve escravidão de povos africanos, foi varrida para debaixo do tapete durante séculos. Nossos livros mostram “os escravos”, mas não nos contam quem eram essas pessoas. Nos porões dos navios havia príncipes e princesas, guerreiros, sacerdotes, curandeiros. Ao pisarem no seu destino, perdiam sua identidade, sua religião, seus laços familiares, para se tornarem apenas escravos. Até de seus nomes tiveram que abrir mão quando foram forçados à servidão.

Recuperar-se desse massacre sociocultural não é tarefa fácil nem rápida. Mas, aos poucos, a negritude encontra espaço para refletir sobre si mesma, como mostra reportagem do Magazine. Durante todo o ano, e não só neste Dia da Consciência Negra, eles se reúnem, propõem ações, trocam experiências e ressignificam o ser negro na atualidade.

De mãos dadas, vão trocando a vergonha pelo orgulho, a chapinha pelo turbante, a máquina 1 pelas tranças. A transformação visual é mero reflexo da revolução que protagonizam com firmeza. Mais de 130 anos após o fim da escravidão formal, começam a sacudir a poeira da senzala. A discriminação no emprego existe. O bullying na escola é fato. Racismo e injúria racial estão mais evidentes do que nunca. Mas o resgate dessa identidade tem um poder catalisador: cada negro que ostenta sua cor de cabeça erguida motiva outro a fazer o mesmo e cala a boca de um racista.