Conversei brevemente e até de forma informal com o técnico Marcelo Mendez, do Sada Cruzeiro, antes do jogo contra o Lavras no último dia 23. Não nos víamos há algum tempo, a última vez havia sido em rápida passagem dele por Belo Horizonte, durante treino no CT do Barro Preto, entre um torneio e outro da seleção argentina na temporada de seleções. Perguntei para ele se alguma novidade havia surgido depois de suas postagens no Twitter, quando trouxe a ideia de um time de novos, do país vizinho, participar da liga A-2.
A ideia é dar rodagem para jogadores com potencial para evolução em um torneio nacional de bom nível, os preparando para o futuro, especificamente para a Olimpíada de Paris em 2024. Apesar do valor ser pequeno para bancar o time durante uma temporada inteira (cerca de R$ 80.000), até agora nenhum interessado em investir de forma efetiva apareceu.
As novidades que surgiram foram de parcerias, de algumas empresas disponibilizando seus produtos para a equipe com academias, refeições, etc. Claro que tais parceiros são bem-vindos, mas o que a equipe precisa é de recursos para que o projeto possa sair do papel efetivamente.
A ideia é genial e já a vi acontecer, pelo que me lembro, apenas uma vez no Brasil. A Superliga B de 2013 contou com seleção infanto-juvenil enfrentando times profissionais e formado por jogadores mais rodados. Foi algo pontual e isolado, servindo de preparação para o Mundial da categoria que aconteceria em breve. Se não fosse pelo torneio internacional, tal iniciativa não aconteceria, certamente, mostrando uma falta de preocupação em nosso país com um futuro não muito distante. Seria interessante que tal ideia acontecesse com mais frequência, mas acho que é pedir demais...
"Necessitamos que a seleção argentina dispute, no mínimo, a série A2. É uma necessidade para os jovens de agora que querem sonhar. O vôlei argentino precisa se desenvolver. Se queremos prosperidade, precisamos de progressos e avanços. Para isso temos que estudar, trabalhar e perseguir a evolução. Temos que pensar em médio e longo prazo. Sem projeção, não há futuro", postou Mendez, dando uma breve aula de preocupação com o futuro do vôlei do seu país.
Na Argentina, tal ideia também já aconteceu há alguns anos e foi responsável pela formação de alguns nomes como do central Pablo Crer e de Nico Uriarte, alguns dos nomes mais importantes do vôlei argentino na atualidade. Um dos empecilhos que imaginei seria a resistência dos clubes que possuem contrato com estes jovens, que precisariam liberá-los para defender a equipe na A2 por uma temporada. A intenção seria que esta equipe tivesse um rodízio a cada ano, dando oportunidade para outros talentos mostrarem sua capacidade e amadurecerem. Se os clubes forem pouco egoístas, podem ajudar em tal projeto.
Marcelo segue na espera de algum retorno, inclusive deixou seu email disponível para possíveis interessados. Mostrando pensar 'fora da caixa', o argentino deu sinais de já estar de olho no futuro a longo prazo da seleção argentina, indo além dos Jogos do ano que vem. É preciso ter uma reflexão um pouco mais distante, sair do lugar comum e de projetos de curso prazo, que podem ter os dias contados dentro de uma modalidade que sofre com a falta de investimento a todo momento.
Si queremos prosperidad tiene que haber progreso, hay que avanzar. Para avanzar hay que prepararse: estudiar, trabajar y perseguir el desarrollo. De lo contrario, son solo parches. Hay que pensar en el mediano y largo plazo. Sin proyección, no hay futuro.
— Marcelo Mendez (@marcemendez1964) September 27, 2019
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