Uma cidadezinha na Suíça. O brasileiro estava lá por conta de um curso, residente há alguns meses. Perfeitamente integrado à vida tranquila da comunidade, fazia suas caminhadas e corridas em torno de um lago muito bonito. Numa dessas, assentou-se para descansar, após uma pequena maratona, alongando os músculos contraídos pelo frio bravo.
De repente, reparou numa pequena bolsa – tipo “pochete” - pendurada na beirada do banco. Abriu-a. Havia uma carteira com muitos cartões, documentos e centenas de euros. Puxa! Certamente alguém esquecera a referida ali; talvez um atleta de fim de tarde como ele. O brasileiro não teve dúvidas: pegou a bolsa e dirigiu-se a um posto policial a dois quarteirões do parque. O guarda recebeu-o, cordial:
- Pois não?
- Boa tarde, alguém esqueceu esta bolsa num banco do parque. Achei melhor trazê-la para cá.
O oficial fez uma cara enigmática. Franziu as sobrancelhas. Coçou a cabeça:
- “Trazê-la”, por quê? Pense bem: quando a pessoa que a perdeu voltar lá para buscá-la, não vai encontrar! Melhor deixa-la no mesmo lugar, concorda?
Segundo caso. Uma estrada deserta no norte dos Estados Unidos. O brasileiro, num carro alugado, motor possante e toda a tecnologia de bordo, acelerou demais, ultrapassando a velocidade permitida no trecho. Não demorou e ouviu a sirene de um carro da polícia, faróis piscando atrás. Estacionou. O policial pediu documentos, verificou tudo.
- Ah! O senhor é turista, não?
- Sim...
- Bem, a velocidade aqui é de 65 milhas por hora. O senhor estava a quase 75. Está com pressa? Algum problema urgente, alguma emergência?
O motorista achou melhor contar a verdade:
- Não... Apenas me distraí, senhor guarda.
- Ok, não vou multá-lo. Porém, vou retê-lo aqui durante quinze minutos para que o senhor se acalme um pouco, certo? Assim descontamos o seu excesso de velocidade. Depois, pode prosseguir viagem.
Terceiro caso. Também numa estrada, interior da Dinamarca. Também um brasileiro, ao volante de um carro alugado. Estrada sensacional, começo da noite, inverno, gelo na pista. De repente, uma van da polícia se aproxima e pisca os faróis, sirene ligada. O brasileiro para no acostamento e a van faz o mesmo. Descem dois policiais, batem continência, perguntam – em inglês - se ele era turista.
- Sim, senhor... O que houve?
- A luz de freio esquerda de seu carro está queimada.
O brasileiro tremeu. Esta agora! Imagine a ferrada que iria tomar, guiando na Dinamarca com uma luz de freio queimada! Uma multa daquelas! O policial pediu que ele aguardasse um pouco. Até sugeriu: se quisesse, poderia descer e esticar as pernas. Foi o que o brasileiro fez, curioso.
Os policiais abriram as portas traseiras da van. Lá dentro, uma mini loja de autopeças: prateleiras com limpadores de para-brisas, correias dentadas diversas, fluidos e mangueiras para radiadores, cabos elétricos, baterias. E lâmpadas, de todo tipo, para todas as marcas de carro. Batendo papo lá entre eles, algum assunto banal, os guardas rodoviários fizeram o serviço em minutos. Tiraram a lâmpada queimada, puseram uma nova, pediram licença para testá-la, pisando no freio repetidas vezes.
- Ok, senhor, tudo certo. É perigoso andar com uma luz de freio queimada. Agora o senhor pode viajar com segurança. Obrigado!
E se foram - não sem antes oferecer ao brasileiro um copo de chocolate quente, ideal para uma noite fria daquelas, delícia proveniente de uma minúscula cozinha também instalada dentro da van.
Que mundo esquisito o nosso, hein?