FERNANDO FABBRINI

Não tá fácil pra Jedi

A grana era usada por Darth Vader para corromper, calar, manipular, abrir caminhos indevidos na galáxia


Publicado em 20 de junho de 2019 | 03:00
 
 
 
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Quem acha que Darth Vader e seus asseclas estão liquidados? Ah! Tolinhos! Engano estelar, de dimensões infinitas. O velho Darth e comparsas permanecem firmes nos porões escuros da Estrela da Morte, maquinando manobras impensáveis, calhordas e outras até previsíveis.

O fato é que o Império não engole, até hoje, ter sido escorraçado do comando da nave-mãe, das naves-filhas, naves-tias, naves-primas, naves-amiguinhas. Com as mãos nos manches tudo era mais fácil. Pintava a chance de se construir uma nova e fulgurante base espacial na galáxia?

Oba! Acoplavam-se vários mecanismos e dispositivos participantes do esquema, contratados pelo triplo do preço. E graças aos milagres tecnológicos da desmaterialização, a grana sumia aqui e aparecia ali, onde Darth e sua turma quisesse.

Pelo destempero dos descontentes é possível fazer uma ideia de quantos se beneficiavam com as falcatruas do Império. Era muita gente mancomunada, desde a cabine de comando até as salas de máquinas.

Aliás, a grana era usada por Darth Vader não apenas para alcançar suas metas obscuras, mas também para corromper, calar, manipular, abrir caminhos indevidos na galáxia, remover campos energéticos adversos no Conselho Maior, no Médio e até no Pequeno. Os mais resistentes, os contrários, os incomodados eram sufocados pela mão implacável do velho Darth – ou retirados para sempre de cena, enviados às profundezas do infinito.

O Império reinava também, absoluto, no controle dos buracos negros. A ciência explica: nesses locais misteriosos, nem mesmo as partículas que se movem à velocidade da luz conseguem escapar; tudo é sugado, não sobra nem poeira de estrelas. Nenhum auditor, fiscal, juiz, delegado e muito menos um modesto cidadão do sistema poderia desvendar o que ali acontecia. A incidência de buracos negros virou um hábito nos tempos do Império. Mas agora, privado deles, o Império vai minguando com a falta das energia vitais.

Importante recordar que o Império também manipulava um sem-número de nebulosas assassinas. Sempre que algum Jedi ameaçasse revelar o que estava bem escondido, as nebulosas entravam em ação. Disfarçadas como nuvens de fumaça, elas obstruíam a visão de quem se atrevesse, ocultando evidências, confundindo, esquivando. Se o curioso insistisse muito, as nebulosas assassinas faziam-no evaporar.

Com apoiadores bem pagos na Confraria Suprema, na Legião dos Mensageiros, na Constelação da Balança, o Império, desesperado, ainda se recusa a entregar os pontos. Sorte nossa é que tais aliados do Império não são levados muito a sério; o povo sabe que eles têm caudas, capas e rabos presos. Porém, o Império insiste em conquistar novos corações e mentes, em perpetuar a mentira, em manter os habitantes siderados, iludidos, magnetizados, no mundo da lua. E berra. E esperneia. E se lamenta. E convoca legiões de alienígenas para se defender.

O Império enganou milhões e ganhou bilhões. Viveu sua opulência indecente, levando vantagem em tudo. Assim, contrariava a harmonia celestial, o equilíbrio, a ordem natural das coisas estabelecida pela Força. Isso afetava tremendamente o sistema, prejudicando os fluxos luminosos que beneficiariam milhões de seres. Sugando a energia só para si, o Império adulterava o Cosmos e implantava o caos, impedindo, assim, o compartilhamento das riquezas, da luz e, sobretudo, da justiça.

O Império contra-ataca e continuará contra-atacando. A vida imita a arte enquanto assistimos a tudo, corações disparados, comendo pipocas, indignando-nos e torcendo pelo final feliz, com direito a aplausos da plateia extasiada.

O Império é o atraso, é o velho monstro que agoniza, que se agarra ao passado. Não tá fácil pra Jedi nesses tempos. Mas alguém teria dúvidas de como seria sujo, emocionante e assustador esse novo episódio da guerra nas estrelas?

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