Os campeonatos estaduais sempre suscitam sentimentos dúbios nos torcedores. Muitos desprezam, acham que atrapalham o calendário dos seus clubes de coração, consideram que o ideal é poupar jogadores nesse torneio. Mas vai perguntar se querem abrir mão do título ou, pior, se vai ficar tudo bem se perder para o rival? O Campeonato Mineiro deste ano, por outro lado e depois de um bom tempo, ganhou uma importância enorme para os dois finalistas e o clima que se respira é diferente de temporadas anteriores. Mas quais seriam os motivos?
Para o Cruzeiro, significa uma conquista estadual depois de cinco anos, um jejum considerável quando se trata do Campeonato Mineiro. E, nesses cinco anos, três foram passados na Série B, o que feriu o orgulho do torcedor estrelado, que teve pouca força para competir com o maior rival nesse período, por mais que tenha feito clássicos parelhos. Vale muito a reconquista local.
Nesse meio tempo, o Atlético inaugurou sua moderna casa, a Arena MRV, sinônimo de grandeza e independência e também de lucros com um estádio próprio. E, em sete meses, três clássicos foram realizados no local, sem vitórias atleticanas. Isso esquentou a rivalidade, dos dois lados, e provocou um gosto e uma necessidade de revanche urgente para os alvinegros.
Vale o pentacampeonato para o Atlético, feito obtido pela última vez no Estado em 1982, pelo próprio clube. Por mais que o Mineiro seja relegado a um segundo plano na lista de preferências de conquistas, cinco títulos seguidos é bom para o ego do torcedor que vence e também para o torcedor daquele que impede essa sequência.
O sucesso azul na Arena MRV, a necessidade de afirmação e de uma conquista celeste mexem com o torcedor azul, que sabe que tem um elenco menos recheado do que o do rival, mais um motivo para saborear os últimos triunfos diretos. O sonho do penta, a importância de um elenco forte conquistar um título, quebrar uma série de revezes contra o rival e, de quebra, um técnico novo no comando precisando mostrar a que veio. Estão aí elementos atleticanos.
Na última final entre os dois, em 2022, o Atlético vivia um momento muito melhor e isso foi confirmado na decisão em jogo único. Antes disso, só em 2019, quando era o Cruzeiro que tinha um elenco mais qualificado e levou a taça em um momento em que o Mineiro era comemorado no máximo até o dia seguinte. Só duas finais entre os dois nos últimos cinco anos. O torcedor também sente falta disso. E isso apimenta a rivalidade.
Rivalidade que nunca deixou de existir, independemente do momento em que um ou outro vivia. Só que, por muitas vezes, era minimizada no estadual. Estadual que precisa ser repensado em relação ao calendário e ao ajuste em relação às participações dos clubes em outras competições, entre outros detalhes, mas que ainda é, sim, capaz de reacender e esquentar rivalidades históricas. Que tenhamos um grande jogo no Mineirão.