Rogério Ceni mal chegou e ganhou a simpatia dos jogadores do Cruzeiro e até mesmo amenizou a relação com a imprensa, abrindo os treinos e dando boas noções sobre o estilo de jogo que vai adotar. Que o clima ficou melhor, isso é nítido. Ele também ganhou pontos com a torcida, indo direto ao ponto: quer uma equipe mais ofensiva e também veloz. Para isso, deixou bem claro que vai precisar de todos em suas melhores condições físicas.
Nos primeiros dias, antes dos jogos, tudo certo. Agora é colocar em prática um estilo de jogo diferente em uma equipe acostumada a atuar em um outro modelo e repleta de atletas com idade elevada - e em posições que são chave para o time. Rogério chega com a temporada em andamento, pega um elenco que não montou e em um momento no qual o clube não pode errar.
Rogério vai ter que ser hábil para administrar eventuais mudanças em um elenco que tem muitas estrelas. E o grupo de jogadores terá que apoiar o treinador para que os resultados apareçam. O elenco está longe de ser ruim e Ceni provavelmente fará mudanças na estrutura da equipe titular.
Será que aproveita Fred, questionado pela torcida e em má fase, ou vai fazer com que a equipe sirva melhor o atacante? O estilo de jogo de Mano Menezes claramente dificultava o jogo de um atleta como Fred, muitas vezes isolado e pouco participativo. Pode usar a velocidade de Pedro Rocha e Marquinhos Gabriel para servir o camisa 9 ou até mesmo atuar sem um jogador de referência na área.
Ceni tem poucas alternativas no momento para mudar a dupla de volantes, após a saída de Lucas Silva e Romero. E não dá para imaginar que o clube vai investir demais em reforços no momento. A transição do meio-campo para o ataque é uma questão a ser resolvida para o time funcionar melhor.
Além de implantar um novo modelo de jogo, Rogério, que ainda é um treinador em formação e no início da carreira, vai precisar de ter a paciência da torcida e da diretoria. O Cruzeiro pode reverter a vantagem do Inter na Copa do Brasil, apesar de não ser favorito, mas uma possível eliminação não ajudaria muito no clima. Se, até lá, o time reagir no Brasileiro, menos mal, mas também é preciso pensar que a mudança de técnico em si não é suficiente para começar a somar pontos no torneio nacional. Sinceramente, apesar do momento, não acho que o Cruzeiro caia. A não ser que cometa muitos erros e apresente um futebol inferior aos clubes que estão lá embaixo na tabela, mas que têm um elenco inferior. E um dos erros seria não apoiar Rogério Ceni e dar toda a retaguarda para o trabalho do treinador, que precisa de estabilidade para, pelo menos, fechar o ano no clube.